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29 de junho de 2017

Livro Homens Difíceis - Os Bastidores das séries revolucionárias - Blog e-Urbanidade

Capa do livro Homens Difíceis - Os
Bastidores do Processo Criativo de
Breaking Bad, Família Soprano, Mad Men
e outras séries revolucionárias -
de Brett Martin
É fato que a tevê estadunidense passou por uma verdadeira transformação nas últimas décadas, chamada Terceira Onda dos Anos Dourados, e é este o tema central do livro Homens Difíceis — Os Bastidores do Processo Criativo de Breaking Bad, Família Soprano, Mad Men e outras séries revolucionárias, de Brett Martin, editora Aleph.

Homens Difíceis está dividido em três partes. Começa trazendo um relato histórico dos primórdios da tevê americana, antecedendo essa Terceira Onda. Assim é possível acompanhar o trajeto, por exemplo, da HBO que se transformou de uma pequena transmissora de filmes nos Estados Unidos em um padrão de qualidade e produção de conteúdo nos dias atuais.

A segunda parte de Homens Difíceis mergulha na trajetória dos showrunners. Enquanto no cinema quem manda é o diretor, nessas grandes séries a palavra final é desses showrunners, normalmente roteiristas de formação. E uma longa trajetória de David Chase, criador de Família Soprano, é apresentada, contando todos os percursos para se chegar ao grande sucesso que deu início a essa Terceira Onda.

Ainda fica o destaque para algumas séries que apareceram nesse período, liderada por outros grandes showrunners, tais como, Six Feet Under (A Sete Palmos), The Wire (A Escuta), Dexter, Damages e muitos outros.

Depois de certa pavimentação deste universo composto por séries com homens e mulheres difíceis, com questões morais e éticas questionáveis, nascem séries como Breaking Bad e Mad Man, finalizando a última parte do livro.

Homens Difíceis é um livro minucioso e, algumas vezes, o excesso de detalhes com nomes, fatos e acontecimentos usados para mostrar a qualidade da pesquisa feita gera um cansaço ao leitor. Parece que o grande problema da versão brasileira esteja na tradução, faltando um melhor acabamento literário, a fim de deixar menos confuso.

Dois paradigmas são claramente expostos para mostrar o poder dessas séries e de seus showrunners na tevê e no mercado de consumo de massa e entretenimento. O primeiro é a alteração do entendimento que produção de qualidade não está apenas no cinema, mas é possível também encontrar na televisão. Isso é perceptível na migração de grandes atores para esse mercado.

E ainda,  a mudança do tipo de personagem apresentado nessas séries, ou seja, homens e mulheres que passam a ter o papel de quase anti-heróis diante de suas complexidades pessoais, familiares e profissionais. Basta assistir a primeira temporada, mais especificamente o terceiro episódio de Breaking Bad, para entender como o protagonista pode fritar um traficante com ácido na banheira sem afugentar sua rede de telespectadores.

É verdade que a arte, realidade, cultura de massa, entretenimento não são coisas isoladas e não podem ser julgadas como melhores ou piores. Todas elas são (re)construídas a todo momento pelo movimento da sociedade, dialeticamente (para ser bem acadêmico!)

Esse novo universo, então, composto de personagens cada vez mais humanizados, com várias camadas e vertentes, torna Homens Difíceis um leitura válida. Isso para quem gosta de boas histórias, se interessa por televisão e quer entender como tais níveis de audiência podem revelar a sociedade (sua arte, realidade, cultura de massa, etc) nos dias atuais. E ai, vale dizer que não se limita a compreender apenas o mercado americano, mas sem dúvida o brasileiro que é consumidor deste produto de entretenimento.

Boa leitura.

Capa comum: 368 páginas
Editora: Aleph; Edição: 1ª (4 de fevereiro de 2014)
Idioma: Português

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