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5 de julho de 2017

Documentário Divinas Divas - Blog e-Urbanidade

Marquesa, na foto do cartaz de Divinas Divas, é
uma das homenageadas ao final do documentário
O documentário Divinas Divas que está em cartaz em algumas salas de cinema pelo Brasil precisa ser analisado por duas diferentes perspectivas. A primeira é como uma obra autoral da atriz, aqui diretora, Leandra Leal retratando acontecimentos e fatos de sua família, ou seja, um caráter extremamente afetivo sobre o tema. Por outro lado, como uma produção cinematográfica e suas características técnicas e artísticas.

A história pessoal de Leandra Leal está intimamente relacionada com suas Divinas Divas: Rogéria, Jane Di Castro, Divina Valéria, Camille K, Eloína dos Leopardos, Fujika de Halliday, Marquesa e Brigitte de Búzios. Os shows de transformistas no Brasil nos anos 1970 a 1980 nasceram no Teatro Rival, no Rio de Janeiro, de propriedade de sua família.

Com a premissa de criar um show para reunir o grupo das Divinas Divas, o documentário apresenta entrevistas e momentos dos ensaios que precedem o espetáculo. Recortes de jornais, filmagens e fotos de acervos pessoais ajudam a reconstruir aquele momento e suas histórias.

Leandra Leal não tem a preocupação de ser uma entrevistadora oculta. Por outro lado é perceptível o carinho das Divinas com ela, tornando todos os relatos extremamente carinhosos.

A montagem apresenta de forma cadenciada a história do teatro Rival, uma contextualização histórica dos shows de transformistas daquela época e a biografia de cada personagem. Mesmo sendo oito artistas é possível conhecer suas trajetórias e, por fim, seus amores. E aqui, ao final, encontra-se o momento mais emocionante do longa. Só pelos os últimos quinze minutos - o relato dos seus relacionamentos e as apresentações finais de Divina Valéria e Marquesa - já valem a ida ao cinema!

O tema é atual, mesmo tratando de um grupo que fez sucesso há tantos anos. A questão da transsexualidade é atual, basta dar uma olhada nos últimos posts deste blog sobre várias produções recentes.

É perceptível em Divinas Divas (assim como em Laerte-se) que conceitos sobre transsexualidade ainda são precários. Existem várias possibilidades e todas elas devem ser repeitadas e ouvidas, mesmo que diante do desconhecido é provável a fuga por respostas definitivas.

Divinas Divas é uma importante produção brasileira tanto pela qualidade técnica ou pela estreia da diretora Leandra Leal. Trata-se de um recorte importante da história do país, incluindo os anos de ditadura e censura que, de forma tão contraditória, foi a época de glória dos shows de transformistas.

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