14 de abril de 2014
Baiano de Todos os Santos - Blog e-Urbanidade
O primeiro livro de contos do baiano Paulo Daltro não poderia ser diferente, Baianos de todos os Santos é uma exortação ao povo baiano, uma homenagem, uma oferenda feita a Iemanjá e ao panteão de deuses do candomblé. O livro é um passeio pelas ladeiras, pelas ruas e casas históricas de uma Salvador que convive com o novo e a memória de seu passado histórico.
Daltro nos prepara em cada conto, como se fosse tecendo os fios de uma rede, por meio de sua memória e registro dos lugares – como se revivesse a sua infância – na qual somos ora pescados como tesouros do mar, ora somos convidados a balançar nessa rede para apreciar com vagar as belezas dessa terra. Às vezes é inarredável, se não concomitante, ser agraciados com essas duas possibilidades.
O livro não deixa de ser também um espaço para refletir sobre uma nova Bahia com as tragicidades e problemáticas de um grande centro urbano. Somos levados a entender a cidade como se descêssemos o elevador de Lacerda para ver o antes e o depois. Somos elevados a entender e harmonizar o alto e o baixo, o passado e o presente.
A lascívia, a ingenuidade, a descoberta do sexo e o gingado do povo baiano também são temas exaltados em sua prosa. Temas polêmicos também são sutilmente tratados como no conto Entre o pai e o filho. A tragédia do crime de sangue é repaginada, indefinida entre o bem e o mal, mas a redenção ainda é o reparo para o erro.
O primeiro amor, relatado delicadamente em Menino do Rio, é revivido pela ressignificação dos papeis dos sujeitos, cobrando uma urgência para se reler o amor dentro de uma homoafetividade constitutiva desses novos sujeitos. Tudo é muito delicado, como se Daltro retirasse um fino e translúcido véu de nossos olhos para enxergar uma outra realidade.
O meu livro foi lançado em fevereiro e está disponível no formato e-book pelas livrarias (Saraiva, Cultura, Iba, Apple, Gato Sabido e Amazon) por todo Brasil, na internet, através dos catálogos virtuais das editoras.
Boa leitura.
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