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11 de abril de 2014

Pequena Abelha - Blog e-Urbanidade

Pequena Abelha
O que une duas pessoas tão diferentes? Uma delas totalmente desprovida de tudo e outra bem sucedida? Assim, Chris Cleave, autor de Pequena Abelha, nos apresenta duas personagens: a garota negra da Nigéria sem teto, perdida no mundo e sem lugar no seu próprio país; e, Sarah, inglesa, bem sucedida, filho, marido etc e tal. Um dia, o destino delas se cruza e as aproxima, começando uma história comovente e de buscas - internas e externas.

O grande atrativo de Pequena Abelha é a forma simples que nos é apresentada a história dos personagens com acontecimentos narrados em espiral, ou seja, um fato aparece várias vezes, sob diferentes óticas de narrador e de fase de vida. (Validando aquela teoria: a única coisa que realmente mudamos é o passado!) Isso torna a leitura cativante e instigante. Mas, ao mesmo tempo, fiquei com a sensação de que algumas histórias foram esquecidas, tal como das moças liberadas da prisão no início.

Gostei de muitas "falas" dos personagens e da polifonia entre os narradores (assunto já discutido aqui e muito - muito mesmo - presente na literatura contemporânea). Cleave não economiza nas crises, nos acontecimento limítrofes da vida e, por incrível que pareça, tudo narrado de forma sutil e delicada. Até mesmo o suicídio - tema tão controverso - é apresentado com cuidado e, talvez, seja a grande "questão" na cabeça de Sarah.

Algumas cenas me pareceram quase de cinema: como a ida ao enterro, Pequena Abelha, Sarah e o filho, vestido de Batman; as moças saindo da prisão e esperando o táxi; a cena final, na praia; e muitas outras. O mais interessante, o autor faz tudo isso sem ser detalhista, mas extremamente visual (estranho, né?) e diria até operístico (sei lá o quer dizer isso!)

Algumas coisas não gostei no livro, primeiro, as sinopses nada a ver em vários lugares que busquei, dizendo que não se tem muito a dizer para "não perder o encanto" ao ler a história. Bem bobo! Segundo, alguns personagens bem interessantes não retomados, como falei acima; e, por fim,  a falta de definição do autor sobre o romance de Sarah e Lawrence. A sensação de que "os fins justificam os meios" está presente em quase todas atitudes do personagem, sem que aconteça uma posição de Cleave sobre ele. Claro, não precisamos ter um mocinho ou vilão em tudo, porém é preciso que o escritor dê sinais claros ao finalizar sua narrativa.

Vale a pena ler? Sim! Com certeza. E sublinhar, muito e, quem sabe, até fazes uns post it de alguns trechos para por na geladeira. Sem dúvida, um dos livros mais tocantes que li nos últimos tempos.

Em seguida, alguns dos meus "sublinhados" e uma pequena reportagem do autor falando do livro.

"Não podemos escolher onde começar e onde parar. Nossas histórias é que são as contadoras de nós."

"Os problemas são como o oceano, cobrem dois terços do mundo."

"Não cabras aqui. É por isso que vocês têm todas essas flores lindas. Havia cabras na sua aldeia? 
Havia, e elas comiam as flores. 
Que pena. 
Não precisa ter pena. Nós comíamos as cabras."

"E o amor nos idiotiza. Durante uma semana inteira, realmente achei que eu fosse um apessoa melhor, alguém que podia fazer uma diferença. Escapou-me completamente que eu era uma pessoa madura, prática e de luto, totalmente concentrada no trabalho. Inexplicavelmente, esqueci que ninguém é herói, que todo mundo é tão imperfeito, não é estranho? E agora, por favor, será que posso ter de volta minha vida de antes?"

"Por mais tempo que a lua desapareça, um dia acaba brilhando outra vez."



 

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