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13 de agosto de 2012

O Brasil de Aquele Abraço - Crônica - Blog e-Urbanidade

Assisti ao encerramento das Olimpíadas de Londres e terminei envolvido em um sentimento ufanista extremamente evidente. Assim que vi o prefeito do Rio de Janeiro balançando a bandeira olímpica e o Hino Nacional sendo executado em rede internacional de tevê, me emocionei. Quando Marisa Monte, Seu Jorge e, por fim, Pelé entraram na arena da festa de ontem, cantando Aquele Abraço, um filme passou em minha cabeça.

Lembrei-me de quando era criança e adolescente, falávamos e acreditávamos que o Brasil ainda ia dar certo. Mas, a gente não botava muita fé. Não sei por que, mas me veio aquele dia em que assistíamos tevê na sala de casa e Sarney dizia de um novo plano ou de tirar zeros ou de congelar salários ou criação de um gatilho salarial ou... Eram tantos planos que tínhamos a certeza de que nada daria certo. E naquela época a gente recebia o salário pela manhã, tinha que correr até o doleiro e trocar a moeda para ver se assim dava para pagar as contas que venceriam no final daquele mesmo mês. 

Lembrei-me do dia que Fernando Collor acabou com a poupança de todos. Algumas pessoas se mataram, outras se desesperaram e, o pior, esse mesmo sujeito foi destituído do cargo anos depois. Aqui também é aquele país do presidente letrado, estudou na Soborne. E quando Lula finalmente ganhou a eleição?  (Se você acha que esse é um texto lulista, petista ou qualquer outra coisa, pode parar por aqui. Meu objetivo é apenas pensar na nossa história, cruamente!) Fico pensando se teríamos chegado lá se um sujeito simples não tivesse chegado à presidência.

Erámos um país em que o bom estava lá fora. Tínhamos que aprender indo para a Europa e, se a grana não desse, uma chegadinha em Buenos Aires. Ares europeu! E acho que ai está o grande legado de Lula, retirando qualquer discurso político no tema, acreditar nesse país torto. Vou ser sincero, eu morria de ódio e já teci muitas e muitas discussões sobre o tema assim que fui conseguindo elementos para entrar nelas, a valorização de obras nacionais que nos colocavam ainda menores. Por exemplo, o brasileiro típico de Macunaíma, um brasileiro feio, envergonhado, atrapalhado, feio, pequeno, nascido em pé e ainda com cara de mané. 

Não, não acho que com a chegada do Brasil nas Olimpíadas ou na Copa tenha resolvido grandes problemas nacionais, mas já andamos um bocado para resolvê-los. Por isso, ontem escrevi no Twitter que construímos, sim, um país. Eu, você e todos nós. Um país que começa a valorizar sua arte e sua cultura sem que isso descambe para esculhambação de Oswald de Andrade. Um Brasil que trabalha, tem competência, se esforça, com uma religião sincretista presente até mesmo naquelas que vieram de outros continentes como a protestante e católica. 

É, estou feliz com esse país. O Aquele Abraço lá de Londres de ontem mostra que avançamos bem. Chegamos lá, sem que isso não deixe de apontar para novos desafios, mas com orgulho de que realmente construímos um país que, querendo ou não, deu certo.

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