Danuza
defende que ser feliz é um verbo a ser julgado no passado, nunca saberemos se
somos felizes no momento presente. Sempre o saberemos depois de algumas horas,
meses ou anos. Quando estamos em “o momento de felicidade” nossa preocupação é
viver e ao voltarmos os olhos para trás pensamos ou concluímos: como fomos
felizes ou infelizes ali. Naquele amor correspondido, no nascimento do filho,
na brincadeira da infância, no livro lido, no sorriso dado...
Hoje,
por exemplo, estou com aquela sensação de felicidade. Acordei, folhei o jornal
- um dos maiores prazeres que tenho aos domingos -, li de cabo a rabo, em
seguida, tomei um ótimo café da manhã preparado às escondidas, com carinho, e
com pão de queijo quente. E para tudo ficar mais perfeito, deu aquele preguiça e
cochilei antes que pensasse no almoço. Foi o dia de descanso perfeito. Foi:
terceira pessoa do pretérito perfeito.
Por
outro lado, alguns autores afirmam que não existe a felicidade e sim momentos
de alegria. Logo, não descordando de Danuza, é uma outra forma de vê-la. Mesmo
que seja no passado, é feita de início, meio e fim. Acaba! Não é um estado de
espírito. Ninguém é feliz o tempo todo, apenas existem momentos assim.
Daí
fico pensando, enquanto escrevo aqui, não estou feliz? Após tanto momentos
anteriores de prazer? Talvez, daqui meia hora conclua: sim, enquanto escrevia
eu era! Já que ninguém é feliz, foi!
Há
algum tempo andei lendo, por causa de um personagem, sobre a bipolaridade. No
meu primeiro livro tenho uma personagem que sofre de tal problema. E em tantas
pesquisas descobri que todos nós podemos ter mudanças de humor. Acordar com
aquele anjo estranho sobre os nossos ombros, como definiu tão bem Renato Russo
em uma das suas músicas, não nos torna depressivos ou infelizes. O que nos
torna felizes ou patologicamente infelizes é como saímos de cada um desses
momentos.
Mesmo
que eu concorde com Danuza, com os especialistas da psicologia e com alguns
pessimistas, continuo pensando que a felicidade está nas nossas escolhas. Não é
simples, mas posso explicar assim: quando acordei, fui pegar o jornal,
encontrei uma toalha molhada sobre a minha cama. Quem a deixou ali, só quando
fui à porta? Não importa quem foi, só faz sentido se eu deixasse que aquilo
destruísse meu dia. Eu peguei, um pouco irritado, quis dizer pela milésima vez
que aquilo era insuportável, mas desisti. Dei mais alguns passos até a área de
serviço e coloquei para estender. E sorri! Sem hipocrisia.
Ser
feliz tem a ver com as nossas escolhas. Quantas pessoas sofrem por uma porta
aberta, algumas louças sujas na pia, um sapato solto no meio do quarto? Tudo
bem, não vamos fazer o jogo do contente! Mas, também não vamos viver irritados
com tudo. Quem sabe, nesse momento estivesse concluindo que minha manhã foi a
mais infeliz de todos os tempos, porque resolvi tomar satisfação sobre aquela toalha
molhada?! O café da manhã não tinha sido servido e agora estaria de braços
cruzados assistindo qualquer coisa na tevê. E o pior, em um canal aberto.
Ser feliz ou infeliz depende, sim, das nossas escolhas.
Talvez tenha a ver em olhar para trás, também. Mas só faz sentido se nesse
exato momento decidimos pegar leve com a vida. Então, é assim: sorria e se
divirta com a vida.
Ótimo posicionamento da Danuza, Celso.
ResponderExcluirNinguém consegue ficar em imersão completa na felicidade, mas é bem possível manter a defesa preparada para atacar toda a forma de tristeza.
Vamos lidar com perdas sim.
Vamos ouvir palavras desagradáveis.
Vamos perceber as discriminações veladas.
Vamos conviver com pessoas de temperamento desafiante.
Mas é bem possível sair ileso desses contatos.
Dar-se prazer, cultivar os hobbies e brincar são ótimas oportunidades de FELICIDADE.
Valeu!