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16 de novembro de 2012

Ser simples é melhor! - Crônica - Blog e-Urbanidade

Fui para o Rio de Janeiro dia destes. Calor insuportável, praia sempre cheia e o carioca se achando o ser humano mais esperto da face da Terra, portanto nada mudou na Cidade Maravilhosa. Aliás, a galera do Rio é, quando você acaba de estacionar numa vaga, capaz de bater no seu vidro e dizer que, na verdade, aquela vaga era dele, pois a viu a quilômetros de distância. E acha que você deva sair dela.

Tirando as especulações sobre o comportando dos cariocas a parte, fui para o Rio de Janeiro no intuito de mostrar as coisas boas da cidade e, entre elas, marquei de ir a um restaurante que gostava muito, da época que morei por lá. Não vou dizer o nome, mas fica ali em Ipanema. Fui para impressionar, principalmente, sobre meu bom gosto.

Chegando lá, claro!, fila de espera. Para quem mora em São Paulo isso é trivial. Peguei o cardápio para pedir uma bebida simples e era tanta água aromatiza que não esqueço de uma tal água de coco com limão siciliano. Ave Minha Nossa Senhora, para que tanta frescura! Pedi uma cerveja simples, até que nos chamaram para a mesa. Sentei a menos de vinte centímetros de duas mesas adjacentes. Logo, eu era ouvido e ouvia tudo que falavam nas mesas ao lado. Não dava nem para dizer um poema de amor ou, quem sabe, fazer uma DR, se necessário fosse. Privacidade, zero!

Pedi meu prato, ansioso. Tinha alguns camarões, mas se eu contasse, com certeza, não usaria todos os dedos das mãos. Comi, pedi o café e paguei. Caro! Fui embora, meio decepcionado com tudo. Será que num restaurante tão caro, eu não merecia um pouco mais de privacidade?

No dia seguinte me planejei para ir conhecer o Mercado São Pedro em Niterói. Dei uma volta nas peixarias e topei a proposta: escolher e comprar um quilo de camarão fresco e prepara-lo nos restaurantes no andar de cima. Para dar uma reforçada, pedi um peixe. Em menos de trinta minutos eu tinha uma porção de camarão aceitável (ou melhor, muito mais que aceitável) e peixe suficiente para alimentar um batalhão.

Comi sem tristeza (reconheço, mas com um pouquinho de culpa). Todos os clientes faziam a mesma coisa. Não existia dieta. Ninguém ouvia minha conversa e se prestasse atenção na outra mesa, com certeza, a pessoa tratava de me incluir. Não havia mesa para dois, três ou dez. Se duas pessoas eram os próximos e houvesse uma de 5 lugares, não fazia mal. Ninguém tirava foto do prato para colocar no Instagram ou no Facebook. Aliás, não estavam preocupados com internet ou redes sociais, afinal estava todo mundo que interessava ali. De repente, me senti descolado do mundo atual e percebi, felizmente, que existem pessoas felizes sem todos os artifícios que criamos para viver hoje em dia.

As pessoas se vestiam com simplicidade. Uma bermuta, camiseta sem marca estampada e um chinelo de dedo. As bolsas não eram do Michael Kors. Os garçons estavam felizes por você estar ali e tentavam fazer com que não se arrependesse de nada. Na espera havia cerveja de garrafa, bastava anotar na comanda. Se preciso fosse, limpava as pontas dos dedos e comia o camarão ou peixe sem garfo e faca mesmo.

Depois de perceber que parecia um retirante há dias sem comer, pedi desculpas ao garçom e ri de mim mesmo. Ele apenas sorriu, achando-me um tolo, penso eu. E quando trouxe a conta, gastei um terço do valor do jantar da noite anterior. Comi à vontade e me senti incluído.E quando saí, a mesa estava limpa e pronto para os próximos felizardos.

Pensei: sem dúvida, ser simples é a melhor coisa do mundo!

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