A história mudou, porém, quando li, pela primeira vez,
Fernando Pessoa. Não sei ao certo qual foi o poema, mas me acertou em cheio.
Gosto do poeta português pela sua forma de ver o mundo e sempre que o leio
tenho a mesma sensação: como gostaria de ter escrito isso! Afinal, é tanta a
cumplicidade entre nossos sentimentos que me sinto extremamente conectado com
suas palavras.
Tudo isso se potencializou quando Maria Bethânia decidiu
gravar as poesias de Pessoa entre suas músicas no álbum Imitação da Vida, em
1997. São várias as citações do poeta entre as músicas brasileiras. A mais marcante para mim é o hit de Isaura Garcia
(Quando o carteiro chegou, o seu nome gritou...) pausada com a poesia “Todas as
cartas de amor são ridículas...”. É de arrepiar!
Outros poetas brasileiros são impressionantes na sua forma
de escrever e de nos tocar, como a simplicidade de Carlos Drummond de Andrade e
a beleza de João Cabral Melo Neto. E lá vou esquecendo-se de um monte de nomes,
se ainda me permite, Mário Quintana,
Manuel Bandeira e a sempre tocante Cora Coralina e seus poemas do
universo feminino.E tantos e tantos outros.
Também gosto muito dos poetas que escrevem música. Quando
compro um disco, fico ali, degustando palavra por palavra. E daí, ouço milhares
de vezes cada estrofe. Quem não foi marcado, por exemplo, por Renato Russo,
Cazuza, Ana Carolina e tantos outros. Atualmente, já disse aqui, estou me
degastando ao ouvir o Oásis de Bethânia. A cada dia me estaciono num verso e
penso sobre ele, até cansar. Os poemas têm dessas coisas, impregnam, mas tem
uma hora que se deve deixá-los de lado. Seguir
em frente e, de vez em quando, se permitir mergulhar rapidamente naquele mundo,
pois poesia é antes de mais nada, sensações e memória.
E para terminar, um pouco da poesia de Djavan que ouvi pela
voz de Bethânia:
É inútil chorar
Noites enveredar
Ruir por nada assim
Minha vida é sua
Como um marinheiro do mar
Sofrer não há porque
Desencana meu amor
Tudo seu é muita dor
Vive
Deixa o tempo resolver
O que tem que acontecer
Livre
Tanto que eu sonhei
Nos amar a pleno vapor
Tanto que eu quis
Fazê-la estrela
Da sagração de um ser feliz
Desinflama meu amor
Do seu jeito é muita dor
Vive
Deixa o tempo resolver
Se tiver que acontecer
Vive
Desencana meu amor
Tudo seu é muita dor
Vive
Deixa o tempo resolver
O que tem que acontecer
Livre.
Noites enveredar
Ruir por nada assim
Minha vida é sua
Como um marinheiro do mar
Sofrer não há porque
Desencana meu amor
Tudo seu é muita dor
Vive
Deixa o tempo resolver
O que tem que acontecer
Livre
Tanto que eu sonhei
Nos amar a pleno vapor
Tanto que eu quis
Fazê-la estrela
Da sagração de um ser feliz
Desinflama meu amor
Do seu jeito é muita dor
Vive
Deixa o tempo resolver
Se tiver que acontecer
Vive
Desencana meu amor
Tudo seu é muita dor
Vive
Deixa o tempo resolver
O que tem que acontecer
Livre.
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