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28 de junho de 2012

A Bolsa & A Vida - Blog e-Urbanidade

Livro Bolsa & A Vida
Dia desses peguei um livro emprestado na biblioteca de onde trabalho. Claro que o nome do autor me chamou a atenção: Carlos Durmmond de Andrade. O título do livro A Bolsa & A Vida - crônicas em Prosa e Verso pareceu extremamente interessante quando pensamos no escritor falando de assuntos simples da vida, temas frequentes das crônicas.O livro foi publicado em 1982 e traz crônicas dos anos 50 e 60. Outra preciosidade da obra é a capa do Ziraldo.

Reconheço que a primeira crônica é realmente deliciosa. Intitulado A Bolsa o escritor narra o dia que encontrou, pela primeira vez, um objeto perdido - no caso, uma bolsa feminia - no ônibus. Começa, assim, uma peregrinação pelo dona do objetivo. O que era uma novidade se torna um fardo.

O livro também é uma viagem ao Brasil daqueles tempos que mesmo diante da modernização, alguns discursos e temas são dos mais atuais. Impressionou-me a forma democrática e original de Gazeta Praiana, um conto que relata da forma simpática como aqueles metros de areia recebem a todos e nos fazem, por algumas horas, esquecer dos problemas pessoais, nacionais e mundiais (e qualquer outro que exista). Também me identifiquei muito com o Ficar em Casa, um relato riquíssimo de como é bom estar dentro daquelas paredes que chamamos de lar. Nos sentimos únicos e  todas as obrigações estão suspensas, e só valem as que soubermos traçar a nós mesmos.

Termino com o primeiro parágrafo de O Outro Marido, uma história de um homem que se diz doente para a esposa e vai morar no hospital, mas não deixa de levar dinheiro mensalmente para as necessidades dela. Com a ausência, anos após repetir tal ritual, ela o procura e descobre que era um homem saudável e construiu uma outra família, sendo muito feliz. Então, ela conclui não ser aquele o seu marido. Segue o texto:

Era conferente da Alfândega - mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudaava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem. 

Lindo, não?

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