Têm algumas cidades pequenas, como o dia que cheguei em
Ceres, no interior de Goiás, para dar um curso. A gente logo acha que vai saber
andar, facilmente, afinal não tem tantas ruas assim para se perder. Mas, gente
em lugar desconhecido é sempre gente perdida.

Agora, a viagem inesquecível foi aquela que fiz sozinho, aos
dezesseis anos para São Paulo. Morava em Goiânia e guardei por seis meses
metade do meu salário de estagiário, que já era bem pouco, para comprar a
passagem. Fiquei dias sem dormi, comprei a roupa para viagem de ônibus e me
preparei como se estivesse indo atravessar o Atlântico. Como na época não havia
internet, prestei atenção em todas as conversas e nos lugares em que não poderia
deixar de ir. Naquela época eu precisava conhecer a rua Direita! Hoje passo por
lá sem ao menos notar que foi ali que começou nosso amor: entre mim e São
Paulo.
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A primeira viagem sozinho |
Não sabia para onde ir, mas despedi dos amigos da minha
família em São Caetano e lá fui eu. Perguntei onde pegava o ônibus e só me
explicaram que era na esquina do farol. Demorei uns dez minutos procurando pelo
mesmo, até que entendi que tal coisa para o paulista é semáforo. Cheguei a
perguntar para algumas pessoas onde ficava a esquina do farol, alguns me
estranharam e apontaram para as três lâmpadas: vermelha, verde e amarela. Subi
no ônibus e fui em direção ao centro da cidade. Como sempre, andei muito, entrei em caminhos estranhos,
comprei algumas bobagens no camelô e comi no Mc Donalds. Peraí, isso tem uns vinte
e cinco anos. Havia a loja de fast food aqui na capital paulista e achei tudo
moderníssimo, na forma de fazer o pedido, de como se servia e, o melhor, como
as pessoas eram educadas em jogar toda a papelada no lixo. Era o máximo. Também
me esbaldei no sorvete. Achei interessante o tal creme com calda de morango.
Sim, é uma delícia chegar a uma cidade estranha e caminhar
sem destino. Ver as pessoas! Adoro vê-las.
E falando dos seus problemas. Ou melhor, ouvir como resolvem suas
tristezas diárias. Como todo mundo é seguro nessas horas, não?
Chegar a uma cidade estranha tem gosto de recomeçar, de nova
vida. Mesmo que valha por apenas alguns dias, a gente precisa disso. De vez em
quando.
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