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20 de setembro de 2010

Amores Incertos - Blog e-Urbanidade


Amores Incertos da autora Roberta Polito é um romance pra lá de interessante. Realmente, não se pode dizer que seja uma comédia romântica, ao estilo tradicional chick lit, mas é literatura de primeira, que só encontramos em poucos escritores nacionais.

Amores Incertos
de Roberta Polito
O que é mais interessante no livro é o estilo maduro e muito bem construído pela autora. Percebe-se assim que as primeiras páginas são viradas que se trata um texto muito bem elaborado e com uma história bem construída.
Duas mulheres em busca do seu amor e que muitas vezes aparece assim: incerto. Marina acaba de chegar da Itália e encontra um marido estranho e ausente. Ele tenta ainda salvar o casamento e ela, a família. Por isso, assim que se lê as primeira páginas, não há dúvida, aquele sujeito aprontou alguma.

Em seguida, é nos apresentado, esporadicamente, elementos de outra personagem. No início, obviamente, não entendemos nada, mas as histórias de juntam e tudo vai ficando muito claro.

Como já disse, o ponto alto do livro é o texto maduro de Roberta. As cenas de arte-terapia, especialidade da protagonista, são muito bem construídas e chegam a ser destaque de sua literatura. Gosto muito de autores que mostram problemas pesados, de uma forma leve.

Essa forma “naturalizada” de dizer a realidade pode ser exemplificada em autores de novela, como em Manoel Carlos. Lembro até hoje de uma cena de oito minutos em que a protagonista ensinava a fazer arroz e com isso apresentava seus problemas pessoais. E Roberta consegue essa proeza em suas sessões.

Os três pontos altos do livro:
- A história de amor bem construída e cheia de boas reviravoltas. Muito bem escrita e elaborada. Nada é muito óbvio e ela sabe jogar tinta quando precisa.

- As cenas de terapia. Além de extremamente verossímeis, o texto consegue ser naturalista e ao mesmo tempo esclarecedor para o leitor.

- Os detalhes das viagens e aulas dos personagens pela Itália. Acho que a autora andou escrevendo com o notebook debaixo do braço, andando por aquelas bandas. Temos verdadeiras aulas sobre a história da arte nesses momentos.

Reconheço que algumas coisas me incomodaram na leitura. Primeiro, quando os personagens vão para a Europa. Ela vai para Itália e ele, Londres. A história se arrasta um pouco. Se houvesse um gráfico sobre a capacidade de nos prender, nesse momento dá uma caída. Mas não pense que isso perdura por muito tempo. Aliás, a grande emoção da história acontece logo em seguida.

Outro fator que poderia ser revisto é a quantidade de reticência que autora coloca nas suas falas. Aprendi com um professor de roteiro de cinema que nunca devemos usar tais pontinhos em nossos diálogos. Lá nas aulas ele quase nos dava palmadas quando usávamos. Aqui, tentei não ser radical, mas tem hora que ela usa demais. Poderia tirá-los pela metade, na próxima edição.

Também senti falta de uma explicação melhor sobre Vítor. É um dos pacientes cheio de mistério no início e depois que tudo é revelado, perde a função, fica solto. Ou melhor, some! É dito alguma coisa, quase ao final do livro. Mas quis saber por onde andava aquela paixão que ele tanto mostrava por Marina.

E por fim, normal!, uma confusão que acontece na página 97 e 98. Ela chama a heroína de Marília e não Marina. Fiquei em parafuso quando li. Voltei, reli alguns trechos e pensei que se tratava de uma nova personagem. Achei até que tinha passado desapercebida por mim. Mas foi erro da edição. Então, mais alguma coisa para ser consertada na próxima edição.

Isso aí, porém, são detalhes pequenos. E que não devem e nem chegam a prejudicar a excelente literatura feita por Roberta Polito. É um livro delicioso e que vale a pena ser lido. Não espere dar gargalhadas, pra quem espera os chick lit tradicionais. Mesmo sendo uma boa história de amor, o forte de toda a narrativa é a construção dos personagens e suas peripécias, tudo banhado a um bom texto.

Ah, e é fácil de achar numa livraria. Não é como uns e outros autores que lançam livro e as editoras nem se dão ao trabalho de mandar para as grandes livrarias! (Leia-se: Os Vipirisados!)

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