"À luz da lua, os corpos negros parecem azuis" e diante desta fala, constrói-se uma dos filmes mais interessante e emocionante da safra Oscar 2017: Moonligth: Sob a Luz do Luar. Fiz questão de estar em uma das primeiras sessões ao chegar ao Brasil e saí de lá convencido que merecia todas as indicações ao prêmio americano. Torcia, também, para levar algumas estatuetas, mas não acreditava muito diante do favoritismo de La La Land . E depois da cena mais grotesca do mundo, o prêmio saiu das mãos dos produtores do musical e foi parar com o diretor Barry Jenkins. Yes!
O filme conta a história de Chiron em três atos: pequeno, adolescente e adulto. Negro, morador da periferia de Miami, perto de uma boca de fumo, a jornada do herói não é das mais fáceis. Estamos diante de um grande herói!
Questões de uma sociedade imersa nas drogas e no preconceito racial e sexual são com tanta força apresentados que, apesar de causar estranheza na primeira imagem, aquele Chiron forte, mascarado por músculos e dentes de ouro parece necessário.
Com um elenco eficiente e potente, com dois coadjuvantes concorrendo ao Oscar e um deles levando (Mahershala Ali levou pra casa de melhor ator, já Naomie Harris perdeu, felizmente, para Viola Davis). é um filme necessário, real e extremamente delicado ao expor o conflito de Chiron e sua sexualidade. Pelo roteiro adaptado também levou o prêmio americano merecidamente.
Saí da sessão pensando sobre as máscaras que vamos criando para buscar uma forma de nos esconder dos nossos medos, realidade e até mesmo inseguranças, assim com a lua pode tornar um negro azul. E como é bom quando o filme nos faz sair da projeção calados e refletindo sobre a situação de desigualdade dos negros, inclusive no nosso país, e sobre as várias formas de preconceito que passamos na vida (mesmo sendo brancos).
De verdade, a questão sexual de Chifron é tão delicada e conflituosamente apresentada que me senti dentro do personagem enquanto ele ficava calado, mas percebia-se sua inquietação interna. Em Chifron me vi em vários momentos da vida!
Genial e tocante, Moonlight deve ser visto, revisto e discutido.
E viva o bom cinema americano!
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