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19 de maio de 2011

As lições que os cães nos dão - Crônica - Blog e-Urbanidade



Tenho vivido uma experiência ambígua e pra lá de interessante. Há algum tempo comprei um novo cachorro, de raça grande, para fazer companhia para outro do mesmo porte. No fim do ano passado, faleceu o companheiro desse último e andava meio sozinho.

Também tenho outros dois cachorros de porte pequeno e um deles está há quatorze anos comigo, logo está bem debilitado. Sobe as escadas devagar, acaba de se curar de uma anemia recheada de muitos remédios e vira e mexe traz uma nova doença. Sempre com aquela fisionomia cansada.

A juventude e a velhice estão juntas convivendo na mesma casa. Sem dúvida, aquele mesmo sentimento que teve o autor de Marlen e Eu também está aqui: a percepção da nossa finitude. O tempo passa e nos transforma, para melhor e para pior.

Lembro-me até hoje de trazer meu cão para casa, cheio de medo – traço marcante de sua personalidade. Assim que o trouxe e fui levá-lo para o veterinário, se enfiou debaixo do banco do carro e nada o fazia sair de lá. Em seguida, foram meses de sandálias, sofás e qualquer outra coisa perdida e triturada enquanto não estávamos em casa. Ah, também foi inesquecível o médico que me disse que ele duraria, no máximo, vinte dias, afinal havia o comprado na feira de animas que existia lá no estacionamento do Carrefour.

Agora, por outro lado, o novo cachorro que o chamamos de Barein trouxe muita energia para casa, porém os cães antigos não estão gostando nada disso. Não da sua personalidade, mas da sua energia. Sempre encontramos algum estranhamento entre eles. Acho que a juventude tem dessas coisas, incomoda a gente. Deve ter a ver com energia, disposição e uma certa alegria incessante de viver.

Ser capaz de viver – e conviver – com as diferentes fases da vida não é tarefa fácil, principalmente quando encontramos a tal velhice, pois ela além de nos incomodar, parece deixar os jovens meio impacientes, não é? Não estamos preparados para os passos lentos e o ritmo desacelerado do mundo. Porém, o mais importante em tudo isso é que me pego pensando, várias vezes ao dia, sobre como será a minha própria velhice. 

Saber envelhecer não é tarefa fácil, ou melhor, lidar com o tempo passando não é para qualquer um. Não sou especialista no assunto, mas não tenho deixado de pensar sobre tudo isso. Será que terei alguém para me ajudar a levantar da cama? Lembrar do remédio? Claro que ter apenas um bom cuidador por perto não é suficiente. O importante é ter também muita afetividade próxima e de preferência de pessoas queridas.

Precisamos compreender sobre nossa finitude e que o tempo vai passando. Com isso o corpo enfraquece, os olhos falham e os ossos rangem. Devemos buscar, além de uma vida saudável, relações amigáveis e nos cercar de amigos e familiares queridos. Quem sabe possa ter uma velhice normal e cheia de cuidados especiais como meu cachorro tem tido o privilégio.   

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