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22 de abril de 2011

Sem vergonha de ficar triste - Crônica - Blog e-Urbanidade

Dia atrás confessei para minha terapeuta: “acho que estou deprimido”. Como boa analista, perguntou-me os motivos de pensar tal coisa. Fiz uma longa explicação, até que recebi o veredicto: "- Você está triste".

Em seguida, foram algumas análises sobre as diferenças entre uma depressão e a simples tristeza. “- Hoje em dia todo mundo ou tem medo de estar triste ou se define em depressão”- foi mais ou menos isso que ela disse ou eu entendi.

Realmente se observarmos o mundo atual ser ou ficar triste é quase um grande problema. Parece que estamos sempre fugindo deste momento em que queremos ficar só ou apenas um simples anjo solitário parece apossar do nosso pobre coração. Pra fugir disso ou nos entupimos de remédios ou de definições e nomes (afinal, para tudo hoje em dia também tem um nome técnico) ou nos enfiamos em alguma reunião coletiva regada a bebida, música alta e por ai vai.

Com certeza precisamos aprender a ser triste e até dar lugar para ela. Sabe aquela história de se entregar a dor? Sim, é fundamental! Talvez se calar, se entristecer e, se ainda insistir, até derramar algumas poucas ou numerosas lágrimas.

Ao falar desse assunto, não deixo de me lembrar do falecimento da minha irmã que aconteceu a dez anos atrás – e é incrível que o tempo nunca apaga mesmo uma perda e uma saudade, apenas se convive com ela. Recordo-me de chorar e me entregar de vez aquela dor insuportável. Deixei-me ficar triste por longos tempos e derramei muitas lágrimas. Não sei se estou certo, mas em algum momento tudo se tornou suportável e a vida retornou ao caminho, mais levemente.

Ser triste e ficar assim não é feio. É preciso deixar-se entristecer quando preciso for. Isso faz parte dos sentimentos humanos: a alegria e a tristeza. Ouvir um pouco de Ana Carolina também vale. Sabe aquela música – “tristeza não tem fim, felicidade sim” – é um pouco pessimista, mas concordo com aquela teoria de que a vida é feita de momentos felizes. Logo, felicidade não se vive vinte e quatro horas por dia. Mas, também não sou pessimista, não se vive de tristeza o dia todo.

Querido leitor, é claro que se os momentos tristes são extremamente presentes e nada, absolutamente nada, te tira de lá, vale a pena da uma olhada se existe depressão nisso. Possivelmente seja preciso ir ao terapeuta e conversar sobre isso. Não é o padre ou um amigo que lhe dará o veredicto. Mas aqui falo da tristeza que pode acontecer, normalmente, num final de dia ou no término de uma relação de amor, quem sabe. Tenho medo de quem se mostra forte demais nessas horas, em algum momento, tudo se despedaça. Tenho medo de quem nunca se entrega a tristeza.

Sigamos em frente, sempre, sendo triste quando tal sentimento nos abater ou, quem sabe, dar boas gargalhadas e ser feliz quando possível for. Entregar-se a tristeza, em alguns momentos, calar-se diante do inevitável, seja o momento de se encontrar com seus próprios medos, sentimentos e sei lá mais o que aparecer a frente. Dai, então, poderemos renascer. Fortes e felizes.

A felicidade é como a pluma

Que o vento vai levando pelo ar

Voa tão leve

Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar

É isso ai, bons e maus momentos para todos nós. Ou seja, estejamos aberto a sentir...
Boa páscoa a todos.

4 comentários:

  1. Eu acho a tristeza fundamental para o fortalecimento humano. Assim como o sorriso, a alegria, as lágrimas, o suor...cada peça tem a sua importância na engrenagem humana. Hoje infelizmente “o mundo la fora” nos oprime e tenta nos formatar como a sociedade “pede” que sejamos. Eu não deixo de curtir cada momento da minha vida, sejam as lágrimas ou os sorrisos todos tem seu espaço e importância.

    É importante viver a tristeza para poder não viver somente nela.

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  2. Tristeza... depressão... solidão...

    Como vc bem disse, sempre "aproveito" todos os meus momentos... me entrego de corpo e alma... me rasgo... é como uma cartaze... cheia de emoção, em todos os sentidos.

    Isso me faz mais forte... ou tento ser...

    Nem sempre consigo... mas tenho tentado, sempre!!!

    Certas coisas nos fazem falta... nos fazem repensar, repensar, repensar...

    Eu vivo a tristeza!!!

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  3. Complementando...sugestiono aqui a leitura da autobiografia do LOBÃO...é do caralho...leitura reta, lisa, honesta..gostei muito e passou a ser uma experiência sensitiva quando passei a ouvir aos seus albuns de acordo com os capitulos do livro...foda, muito bom e de acordo com o post do Celso, fico com uma frase do mesmo: " A maior expressão da angustia, pode ser a depressão, algo que vc pressente, indefinivel, ...mas nao tente se matar,pelo menos essa noite não..."

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  4. Pois é, Rodrigo, eu vi a entrevista do Lobão no Manhattan Conection e adorei. Sinceramente não gostava muito do cantor, mas na entrevista tive uma visão bem diferente. Após ler os vários livros que ainda tenho no criado, pois estou muito lento nas leituras, será o próximo. Obrigado pela dica e por passar aqui.

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