Os vários Kevins de Precisamos Falar sobre Kevin |
Fiquei impressionado com a qualidade literária de Lionel ao fazer toda a sua obra a partir de cartas de Eva (interpretado por Tilda no cinema) para o marido Franklin (John C. Reilly, no cinema). A impressionante busca da mulher em encontrar os motivos que fizeram seu filho a matar várias pessoas, fazendo uma clara analogia ao massacre de Columbine (e outros...), é construída a partir da relação mãe e filho e das culpas pessoais. Sim, um possível motivo!
Por outro lado, após a leitura fiquei pensando em como seria o roteiro cinematográfico sem perder as nuances psicológicas daquela mulher atormentada. Graças a Santa Netflix mergulhei nesta viagem, com uma apresentação estética centrada no (sangue) vermelho exposto e a todo momento manchando os caminhos da mulher-mãe. Muitas vezes incomoda estar na pele de Eva.
Tilda merecia concorrer ao Oscar, mas não chegou lá. Os críticos dizem que por causa do incômodo que tais histórias ainda causam na sociedade norte-americana. Mas, o filme (nem o livro) não pretende(m) ser conclusivo(s), até porque não exista mesmo algo a explicar.
Em minha opinião o filme aposta mais num complexo de Édipo de Kevin, o livro, por outro lado, na culpa de uma mãe por não ter desejado tanto aquela criança. Mesmo assim, as duas visões são contundentes, muito bem defendidas e vale cada página ou minuto.
O filme acerta em várias coisas, como já disse, na interpretação de Tilda e na de Ezra Miller, que faz um Kevin enigmático e cruel, mas humano. O roteiro é daqueles de poucas palavras, duro e seco, como merece o tema.
Então recomendo o livro,para quem assistiu o filme e vice-versa. Uma dos bons achados no mundo perdido do Netflix e das livrarias.
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