A Invenção das Asas |
O livro ficou um ano e meio na lista dos mais vendidos em NY e chega ao Brasil também com boa receptividade. Conta a história de Sarah Grinké que existiu na vida real como uma importante abolicionista e lutou pelos diretos da mulher nos Estados Unidos. Ao completar seus doze anos, a sinhazinha recebeu uma garota negra para servi-la. Tendo esse o ponto de partida, Sue cria uma história emocionante que mistura fatos reais com ficção. Ambas lutando pela sua própria liberdade: do papel passivo da mulher e da escravidão, respectivamente.
A autora intercala a história de Sarah e Encrenca - a escrava - paulatinamente, com ares de épico. Contado em primeira pessoa, o livro impressiona por investir na tal polifonia de Bakhtin encontrada em Dostoievski. Assim, toda as vezes que um autor se propões a trabalhar com essas vozes diferentes, sento com muito prazer e fico procurando falhas (inveja pura, mesmo!). Não as encontrei! As construções e pontos de vistas realmente são muito bem amarrados e me senti, de verdade, frente a frente, a duas personagens diferentes.
Em minha opinião, a narrativa é lenta e um pouco cansativa quando as personagens são jovens. A luta de ambas parece não sair do lugar e demora-se em detalhamentos desnecessários. Mas, penso, após concluir, que a ideia da autora seja essa mesma: elas estavam imersas num sistema rígido e difícil de sair.
Recomendo muito a leitura, principalmente quando li as explicações da autora sobre a construção da sua narrativa e suas escolhas para conceber uma ficção a partir de fatos reais. Considerei esse o momento mais interessante e valioso de toda a leitura. No mais, compre logo e leia.
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