Há muito tempo não escrevo sobre televisão aqui, mesmo sendo
a minha grande paixão, diríamos, como escritor. Sempre que escrevi para o
veículo, em cursos, me senti mais solto e recompensado. Por isso, estou sempre
de olho nas produções brasileiras e estrangeiras. E, felizmente, estamos em um
bom momento da televisão brasileira. Aliás, a entrada de novos talentos
assinando as novelas tem dado um novo fôlego por aqui. Basta enumerar algumas
delas, tais como, Cordel Encantado, Vida da Gente (uma das mais fofas dos
últimos tempos), O Astro (não tão novos assim)...
É claro que os grandes autores estão lá, certeiros. É o caso
de Aguinaldo Silva, que falem bem ou mal, foi sucesso com sua Fina Estampa.
Mas, vamos falar aqui de dois sucessos atuais: Cheias de Charme e Avenida
Brasil.
Cheias de Charme é uma dessas histórias agradáveis de ver e
mesmo achando que as estrelas (Isabelle Drumnond, Taís Araújo e Leandra Leal)
não tenham encontrado o tom certo no início da novela, algumas boas e esperadas participações fazem
a festa, como Cláudia Abreu, com sua impagável Chayene, e Titina Medeiros, com
a hilária Socorro.
O ponto alto da produção das sete é o humor escrachado no
mundo brega e da classe média brasileira. Ainda acho que a história das meninas
é melosa demais, tem cara de novelão e não chega a ser um ponto negativo. Mas,
enche o saco. Já não sei se seria a hora de Isabelle fazer um personagem tão
importante, a menina está insegura e perdeu toda aquela empatia que tinha
quando aparecia no ar. Taís Araújo não é minha atriz preferida desde Xica da
Silva demorou um pouco, mas pegou o clima da personagem e tem protagonizado boas cenas com sua personagem espalhafatosa. E Leandra defende bem. Nada mais.
Tirando os defeitos, que são poucos, a novela arrasa mesmo
na diversão. As boas gargalhadas sempre veem do núcleo da Chayene, com Socorro
e Tom Bastos (Bruno Mazzeo). Fora as participações de cantores e apresentadores
que tornam tudo mais divertido. É de morrer de rir. As cenas são sempre
inusitadas e muito diferentes do humor característico da telenovelas até então.
Inesquecível, por exemplo, a cena em que Socorro saí do rio de piranhas ao som
da trilha sonora do Fantástico e o encontro de Ivete Sangalo e Chayene.
Vamos agora a Avenida Brasil que consagra o autor João
Emanuel Carneiro no horário das 21h, após sua também competente A Favorita. A
história é puro deleite para roteirista, com suas reviravoltas e construções
psicológicas dos personagens. É claro que a história principal, mesmo sendo
forte e o fio condutor de tudo, deu uma cansada em capítulos anteriores. A
gente sente, em alguns momentos, preguiça de seguir Nina/Carminha e queremos
mesmo é dar uma olhadinha na galera do Divino. Ali o humor também é seu ponto
alto.
Encontrei sim, algumas incoerências no texto, talvez um
pouco de erro no que chamamos de carpintaria. Termos e gírias são usados nas falas
de diferentes personagens, também em diversas classes sociais. Mas, o elenco
está afinadíssimo, principalmente Deborah Falabella, Adriana Esteves, Murilo
Benício, Vera Holtz, Marcos Caruso (divertidíssimo!), e quase todo mundo... Reconheço
que não tenho muita paciência para o núcleo “choraminguento” da Nathalia Dill e
Alexandre Borges com cara, ainda, de Jacques Leclair. Uma pena para as feras
Debora Bloch, Carolina Ferraz e Camila Morgado.
Pequenos defeitos fazem parte, mas não tenho dúvida de que
seja uma das melhores produções dos últimos tempos. Parabéns a Globo ao dar
novo fôlego as suas novelas, apesar de
muita gente dizer que está perto de deixar de existir. Duvido! E a prova está
aí. E mesmo que falem mal da emissora carioca, é a única que tem apostado em
produções realmente diferentes e inovadoras.
Então, sente no sofá e divirta-se.
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