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3 de setembro de 2017

Como Nossos Pais - o filme - Blog e-Urbanidade

Como Nossos Pais
estrelado por Maria Ribeiro,
Clarisse Abujamra e
Paulo Vilhena
O aguardado Como Nossos Pais da diretora Laís Bodansky após a trajetória bem sucedida ao ser selecionado no Festival de Berlim e ter levado os principais Kikitos no Festival de Gramado, incluindo melhor filme, chega as telas. Com o mote de expor a dura pressão que as mulheres passam ao assumir diferentes papéis, e em ser bem sucedido neles, expõe uma das boas produções brasileiras atuais.

A diretora Laís volta a aplicar seu olhar em enquadramentos em que história dos seus personagens nem sempre está em primeiro plano, como se o expectador estivesse a espreita, olhando a vida alheia pela fresta da porta. Então, é possível assistir (ou ouvir) o confuso cotidiano de um casal e suas duas filhas, enquanto a câmera aponta para a sala vazia,  e registra seu fechamento com o marido correndo para uma viagem.

Em alguns momentos essa característica de nem sempre estar enquadrado nos personagens parece excessivo. Mesmo assim, é genial o travamento da câmera nas cenas que apontam Rosa (Maria Ribeiro) no seu quarto, no papel de esposa, e onde dorme suas filhas, no papel de mãe.

O roteiro é assinado por Laís e Luiz Bolognesi (em cartaz, também, em Bingo - o Rei das Manhãs). A dupla também roteirizou Bicho de Sete Cabeças e agora apontam para uma construção madura, às vezes irregular, com ótimas cenas e falas, mas outras didáticas demais. Por exemplo, o texto entre os atores Maria e Herson Capri, dentro do escritório, chega a incomodar diante da impostação e diálogo sem embocadura.

Por outro lado, existem cenas ótimas e muito bem construídas. Entre elas quando Rosa conversa com sua mãe, Clarice (Clarisse Abujamra), dentro do carro, após comprar um maço de cigarro na banca. Sem dúvida, uma das mais brilhantes da película.

As interpretações precisam ser elogiadas, incluindo Clarisse (que levou o Kikito de Melhor Atriz Coadjuvante), Maria Ribeiro (Kikito de Melhor Atriz), o inesperado Paulo Vilhena (Kikito de Melhor Ator) e a ótima participação de Jorge Mautner.

Clarisse reina absoluta. Por sua vez, Maria mostra muita habilidade para suas cenas, mas a semelhança com a Maria Ribeiro beligerante em suas participações em Saia Justa (GNT) dá certo estranhamento para entender quando estamos frente a atriz ou personagem. Para isso, mais um ponto a favor da Laís para a escalação da intérprete.

Como Nossos Pais é um filme de mulheres, talvez feminista, daquelas que conseguiram sua independência, pós Malu Mulher (1979 - Globo). Agora ela se sente sobrecarregada com seus múltiplos papeis: filha (da mãe e do pai), mãe, esposa, amante, profissional, artista, irmã, cunhada, etc e tal.

Com a trajetória da heroína que precisa ser mais leve com quem a cerca e, por fim, consigo mesma, Como Nossos Pais é sensível, ao mesmo tempo forte, e aponta para uma diretora cada vez mais consciente do seu olhar cinematográfico próprio. Incluindo sua feliz estratégia em lançá-lo depois da consagração no Festival de Gramado, constatado nas salas de cinema cheias.

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