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16 de agosto de 2017

Dunkirk - Blog e-Urbanidade

Por Rodrigo Vieira 

Já se vão quase 20 anos que Steven Spielberg tomou de assalto os filmes de guerra e nos entregou a acachapante sequência inicial de O Resgate do Soldado Ryan. De lá pra cá, as tentativas hollywoodianas de trazer à tona o caos e o horror dos campos de batalhas têm resvalado sempre no padrão estabelecido pelo diretor de E.T. Eis que Cristopher Nolan, em um projeto de carreira que parece cada vez mais se aproximar da tentativa de unir o perfeccionismo e a grandiosidade de Kubrick ao senso de espetáculo e emoção de Spielberg, tenta trazer ao tema da segunda guerra um novo patamar em experiência cinematográfica.


Cena do filme Durkirk
Dunkirk conta a história do resgate dos soldados britânicos presos na costa da cidade francesa que dá titulo ao filme. Vendido pelo próprio cineasta como uma experiência de realidade virtual sem óculos, Dunkirk imerge o expectador dentro da história através de três núcleos distintos, mas que se cruzam: o dos soldados presos na costa, esperando por resgate; os pilotos que fazem a cobertura aérea para o resgate; e, por fim, uma família civil britânica dentre as várias convocadas para o resgate, pelo governo britânico, em suas embarcações domésticas.

Do ponto de vista técnico, a película é um verdadeiro tour de force. Desde as imagens capturadas com as câmeras iMax, passando pelo excepcional trabalho de som e a trilha sonora excelente de Hans Zimmer (assíduo colaborador do diretor), tudo contribui para a sensação de estar dentro do combate, vivenciando todos aqueles momentos. O problema é quando viramos o olhar para o lado emocional da película…

Nolan opta por contar sua história através de uma narrativa que embaralha a questão temporal, forçando o espectador a ligar os pontos e montar a sequencia dos fatos na sua cabeça, num crescendo de tensão que carrega o público pela mão. Se por um lado esse recurso faz com o que o público se sinta inteligente ao conseguir desvendar o mistério, por outro ele acaba parecendo um artifício para trazer complexidade a uma trama extremamente simplória, que perde muito do interesse ao ser finalmente revelada.

Caso o diretor conseguisse despertar emoções maiores na tela, seria possível que tais problemas não saltassem tanto aos olhos. Mas não é o caso. Nolan é muitas vezes acusado de uma certa frieza em suas películas e Dunkirk não é uma exceção à regra. O caos nunca pareceu tão ordenado e o desespero tão ensaiado. E aí o castelo de cartas construído durante toda a projeção enfim desaba: se o primeiro e segundo atos vão trazendo uma dose cada vez maior de tensão para história, o clímax não se cumpre, já que não estamos muito conectados com aqueles personagens, que se mostram planos durante toda a projeção.

Não me entenda errado: Dunkirk é um espetáculo de primeira, com a grandiosidade que se espera de um filme de guerra feito por um dos diretores mais talentosos de uma geração. Mas também mostra o quanto este ainda tem um grande percurso a percorrer para figurar lado ao lado dos mestres que são sua referência.

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