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29 de julho de 2017

Corpo Elétrico - Blog e-Urbanidade

Cartaz do Filme Corpo Elétrico,
apresentado no festival de Roterdan 2017
Corpo Elétrico, direção de Marcelo Caetano, é um filme simples, sem grandes reviravoltas, construído com interpretações que beiram ao naturalismo, mas que expõe o perfil de uma geração. O protagonista Elias (Kelner Macêdo) é um jovem de 20 anos, trabalha em uma confecção no Bom Retiro (São Paulo) e tem relações afetivas e amorosas fluídas e sem preconceito.

A identificação do conflito de Elias não é claramente perceptível assim que a projeção se encerra por faltar uma cena de catarse para expô-la. E essa é a maior força de Corpo Elétrico, expor a trajetória de um rapaz sem preocupação em ter relações sólidas, fica e faz sexo com quem quer, por exemplo. Também as interações construídas com seus amigos da confecção que trabalha é fluída, movida pelo momento.

A direção aposta em cenas em tom de bate-papo, com atores falando ao mesmo tempo, ou seja, com muita naturalidade. Então, em alguns momentos fica-se na dúvida do que é realmente roteiro ou improvisação.

Além disso, Marcelo - foi assistente de direção de produções como Aquarius, Boi Neon e Tatuagem - conduz duas cenas que valem ser comentadas. A primeira é o plano sequência feito com o grupo ao final do expediente, pelas rua do Bom Retiro. Câmera e posição de atores tornam a cena primorosa.

Também ao som de ópera, como de um filme antigo, a apresentação da drag-queen, em uma boate, fazendo o tradicional bate-cabelo torna o resultado inesperado e bem criativo. Mais um ponto para a direção.

Kelner encabeça o elenco e consegue dar a dimensão exata ao seu personagem, principalmente na sua fluidez e normalidade. Também o restante dos intérpretes consegue dar a dimensão dos seus personagens em atuações de profissionais (Georgina Castro e Nash Laila) quanto do grupo de drag-queen.

Corpo Elétrico é um filme sobre a capacidade do mundo ir enquadrando as pessoas, tanto nas relações pessoais, afetivas e profissionais. Mesmo que Elias seja um sujeito aberto e sem preconceitos, existe da parte da sua colega de trabalho e do chefe uma vontade latente de segregá-lo.  Assim, a fala "você tem tudo a ver com Londres" ou "não se misture" pode ser atraente, mas é um discurso vazio e de superioridade podre.

A leveza, as interpretações, a construção estética e de concepção do diretor tornam Corpo Elétrico um filme de alta qualidade e valor ético. Porém, sugere-se não fazer avaliações imediatas, pois pensar sobre a dinâmica apresentada é necessário para compreender os conflitos e a trajetória do herói que pode ficar perdida diante da aparente liquidez dos diálogos, encenações e relações.

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