CURTA NOSSA FAN PAGE

29 de setembro de 2014

Menino de Ouro - romance e questões de gênero - Blog e-Urbanidade

Capa do livro
Menino de Ouro
Nem sei como o livro Menino de Ouro chegou em minhas mãos. Não sei se foi pelas minhas visitas às livrarias ou por alguma sinopse de jornal. Mas, sei que comprei, li e me deparei com uma história inesperada, mas profundamente sensível. Por isso, vou dividir minha resenha em duas partes: falo das características literárias e, depois, das minhas impressões pessoais.

O Menino de Ouro conta a história de Max, um rapaz comum, admirado por todos, "pegador" na escola e ótimo jogador de futebol. Em sua própria casa, é estuprado por um amigo da família e nos é descortinado o seu trama: ele é intersexual (antigamente, chamado de hermafrodita). Assim, somos levados aos dramas, narrados em primeira pessoa, de seis personagens centrais: Max, a mãe Karen, o pai, a "namoradinha" da escola Sylvie, o irmão Daniel e a médica Archie.

A jovem autora inglesa, Abigail Tarttelin, usa o artifício das multivozes, tão comum nos romances de hoje em dia. Aliás, tenho comentado muito sobre tais livros por aqui e pela incapacidade dos autores em conseguir dar "vozes" e personalidade própria aos seus personagens. Abigail deixa a desejar um pouco, principalmente quando se coloca na posição de Daniel, o garoto de nove anos. Ele é inteligente demais e faz elucubrações muito elevadas para a sua idade. Mas é perdoável quando descobrimos que a própria autora, com menos de 25 anos, já foi colocada no grupo das 1000 pessoas mais importantes do mundo por um jornal inglês. Ou seja, ela deve entender bem sobre superdotados.

Menino de Ouro tem 384 páginas e cheguei a ficar um pouco entediado com a demora em desenrolar parte da história. A autora não se incomoda em contar longamente, em capítulos e mais capítulos, as crises pessoais dos seus personagens. Ponto positivo pela capacidade de se colocar na cabeça de Max,

Ponto negativo por se perder na trajetória de uma das personagens mais fortes da história, a médica. Da segunda parte do livro ela simplesmente some e deveria estar muito mais presente em tudo que acontece, até pela cumplicidade criada entre ela e o protagonista.

Minha opinião pessoal: gostei muito do livro. Deve ser lido, até pela capacidade da autora nos colocar dentro dessa história, um tanto incômoda. Para ser honesto, quando percebemos o grande drama do personagem principal dá até vontade de deixar o livro, mas infelizmente estamos imersos em tudo aquilo e queremos saber onde vai dar.

A autora também não aposta em um final muito feliz, mesmo que as cenas finais pareçam demais com um comercial de margarina, mas acaba por ser uma conclusão correta.

A autoria Abigail Tarttelin
Nunca tinha parado para refletir longamente sobre a intersexualidade e questões de gênero e sexualidade. Obviamente, vemos e ouvimos muita coisa por ai, mas a autora nos coloca neste mundo e nas questões referente a isso de forma honesta e humana. De repente, entendemos e criamos empatia com os dramas pessoais. Talvez não mergulharíamos tão bem nesses dramas se houvesse apenas um narrador, por exemplo.

A dualidade entre a função de vilão e mocinho dos pais, acaba sendo um ponto fraco do livro. Claramente, a autora se coloca ao lado do pai e nunca da mãe. Aqui a autora se revela um pouco na sua literatura, em seu complexo de Édipo (ou Electra, como quiser), bem comum nesta fase da vida de qualquer moça.

Para finalizar, Abigail é uma garota que pretende aprontar muito por aí. Já escreveu outros livros, roteiros de cinema e música e é blogueira, por exemplo, do The Huffington Post e The Guardian
e tem menos de 25 anos. Vamos aguardar mais coisas dela, já que este seu segundo livro é imperdível para quem gosta de uma boa história e quer mergulhar numa visão honesta sobre sexualidade e gênero.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário.