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27 de junho de 2016

Marguerite - a versão francesa da história de Florence Foster - Blog e-Urbanidade

Marguerite
Marguerite, filme que concorreu em 11 categorias ao César (o Oscar francês), não conta a história de uma mulher que não sabia cantar, mas é uma fábula, com pitadas de sátira, sobre o poder nos mais diferentes níveis, do cultural ao social. E alguns podem ir mais além, Marguerite é um convite a discutir sobre a beleza e que não deixa de ser um grande arranjo social (e também de poder).

O filme do diretor Xavier Giannoli é um mergulho a camadas e mais camadas sobre a alienação humana e social, sendo que o melhor disso, mesmo diante do jocoso, a direção não se espalha na caricatura. Em alguns momentos, diante da exposição das cenas e do prolongamento de algumas tomadas, a gente até sente um pouco culpado em rir, livremente, de Marguerite.

Na construção do roteiro estão histórias muito interessantes, por exemplo, a falsa sociedade e seu comprometimento com algo enquanto lhe é favorável; um jornalista falso e que até elogia Marguerite em troca de algum lugar nessa sociedade; a moça boa cantora, porém sem plateia (bem diferente de Marguerite); a busca da heroína pelo olhar do outro e do seu marido; a incapacidade que temos de nos ouvir; a falsidade do mundo... São tantos os temas que, com certeza, eu não conseguiria esgotá-los.

Eu apenas sugeriria que o filme tivesse vários minutos a menos. Em alguns momentos o filme cansa um pouco. Assumo, cochilei! Mas, Marguerite é surpreendente na sua reconstrução histórica e na capacidade de nos deixar, até o último minuto, sem imaginar uma saída possível para a saga toda.Tenho certeza que Holywood, no filme estrelado por Meryl Streep e tem a história baseada nessa mesma mulher, não conseguirá dar tantas camadas em tal produção. Ah, também essa mesma história foi peça de teatro estrelada, no Brasil, por Marília Pera em Florence.

Não deixem de ver!

Minha opinião
:)

21 de junho de 2016

Sense8 - imperdível - Blog e-Urbanidade

Os amigos mais próximos sabem da minha impaciência para acompanhar seriados e suas longas temporadas na tevê. Me atrevi a assistir algumas, fiquei até o fim em poucas e várias, deixei pelo caminho. Porém, depois de falarem tanto no tal do Sense8, resolvi investir. E só parei quando os últimos créditos do episódio 12 apareceram.

Sense 8 
Sense8 é uma produção da NetFlix que reúne o que há de melhor: dirigida, escrita e produzida pelos irmãos Wachowskis (saga Matrix) e por J. Michael Straczynski (Babylon 5). Partindo do conceito da ressonância límbica (capacidade que os mamíferos têm de entrar em sintonia com as manifestações internas do outro), oito pessoas espalhadas pelo mundo se conectam a partir da morte de Angélica (Daryl Hannah). Diante da fraqueza de cada um, eles vão se tornando fortes a partir da força do outro, por uma conexão desconhecida, revelada aos poucos.

O que é fantástico em todo o texto é a construção profunda dos personagens, com seus pontos fortes e fracos.

Rilley (Tuppence Middleton) é a mocinha, fraca, cheia de conflitos, mas determinada em muitos momentos, começa vivendo na fria e cinzenda Londres e se apaixona por Will.

Will (Brian J. Smith ) é o mocinho, determinado, forte, corajoso, atormentado pelo esteriótipo do pai e mora em Chicago.

Wolfgang (Max Riemelt) é frio e destemido, por isso mora na fria Berlim. No último episódio se revela impressionantemente frio (!!!!!!). Muito interessante o contraponto romântico dos roteiristas, criando uma paixão entre ele e Kala.

Kala (Tina Desai) seu ponto forte é a fé, mas é cientista e vive a crise da possibilidade de um casamento não desejado, cheio de intolerância religiosa  e mora na Índia.

Capheus (Aml Ameen) é o cara esperto e que mora Quênia, quase um brasileiro, trabalha para comprar os remédios da sua mãe, dirigindo pela cidade.

Sun (Doona Bae), coreana, boa de luta, tem tudo para ser a mulher frágil e rejeitada, mas é a grande lutadora e sempre presente nas melhores cenas de ação.

Nomi (Jamie Clayton) é transgênero e mora, claro!, em São Francisco. É interpretado por um ator também transgênero, é hacker e tem uma relação com uma mulher.

Lito (Miguel Ángel Silvestre) é o machão, dramático, por isso seu personagem está na cidade do México. Ator de novela mexicana interpretando personagens viris e vive uma relação com um rapaz sensível.

Neste emaranhado de personagens, com níveis e subníveis dos personagens e histórias, Sense8 tem momentos espetaculares. São lutas, para quem gosta de ação; excelentes textos que vão desde questões afetivas e pessoais a diferenças culturais. Fique de olho, por exemplo, no episódio que há uma grande discussão sobre o amor e relacionamentos quando Lito se separa (maravilhoso!). Para os mais afoitos, fique de olho na cena de sexo grupal entre alguns dos sensates.

Tudo bem que o telespectador tem que ter mente aberta, já que mais um dos trunfos do seriado é da impossibilidade de limites, trazendo à discussão questões como homofobia, intolerância a grupos minoritários (gays, negros, mulheres e religiosos). E isso fica bem perceptível quando a gente ri do diálogo entre Lito e Will ao defender que eles já se conhecem, no último episódio.

A segunda temporada está chegando. Quem não assistiu, não perca tempo, mas recomendo começar a assistir no fim de semana, do contrário poderá ficar preso até alta madrugada e o seu dia seguinte estará comprometido (digo por experiência própria!)

Pra terminar, Sense8 é uma bela oportunidade de fazer o que Capheus explica para Rilley em um dos seus encontros. Como é possível um sujeito tão pobre não ter uma boa cama, mas comprar uma tevê de última tecnologia e assim ele explica: a cama deixa o cara no Quênia e a televisão o leva para longe do Quênia. E como estamos precisando disso nestes dias...


20 de junho de 2016

HISTERIA - O ENCONTRO DE FREUD E DALÌ - Blog e-Urbanidade

Foto: Priscila Prade/Divulgação
Pela Histeria
Histeria, peça que está em cartaz no TUCA, aqui em São Paulo, já se entra cheio de expectativas por seu um texto elogiado em várias montagens pelo mundo, tem direção de Jô Soares e reúne atores e técnicos de primeira.

Mesmo não sendo um texto fácil, o dramaturgo britânico Terry Johnson chega aqui com tradução e adaptação feita pelo diretor Jô Soares. A montagem de sucesso dirigida nos Estados Unidos por, nada mais nada menos, John Malkovich, tem como ponto de partida o encontro que aconteceu entre Salvador Dali e Freud, um pouco antes do início da Segunda Guerra.

Cassio Scapin (Dalí) e Pedro Paulo Rangel (Freud) estão impecáveis em cena, até mesmo o tom acima de Scapin, no início, quase caricato, facilita a imersão ao texto. Sem falar que os dois atores que dão suporte, Erica Montanheiro e Milton Levy, são extremamente eficientes. Confesso, que em alguns momentos, tive a sensação que Erica levava a peça diante da sua exuberância, atuação e importância dentro do texto.

A direção de Jô Soares é extremamente firme e presente. Sem falar nos grandes apoios técnicos: figurino, cenografia, sonoplastia e iluminação. O ponto alto disso tudo é quando Freud  entra em seu inconsciente, com apoio áudio-visual impressionante.

Não tem como não recomendar Histeria! Mas prepare-se para duas horas de um texto nem sempre palatável. Tive dificuldade em entender algumas falas, porém por causa de dicção. Mesmo assim, as questões que nos levam a refletir sobre a teoria freudiana, incluindo pontos como o inconsciente, histeria, medos, fé, Deus, surrealismo (aqui por meio de Dalí), etc, vale cada centavo do ingresso.

Bom espetáculo.

Minha Opinião 
:D

Ficha Técnica
Histeria 
Sexta e sábado, 21h, domingo, 19h. 105 min.
Até 31/7/2016
Teatro Tuca – Rua Monte Alegre, 1024, Perdizes, São Paulo,
tel. 11 3670-8455
R$ 50 (sexta), R$ 60 (sábado) e R$ 70 (domingo)

15 de junho de 2016

Magia ao Luar - filme de 2014 de Woody Allen - Blog e-Urbanidade

Cena da gração de Magia ao Luar
com direção de Woody Allen
Mesmo tardiamente, bem tardiamente diria, assisti Magia ao Luar (2014) de Woody Allen. Pela crítica não muito otimista da época fiquei com a sensação de que não valeria mergulhar na história. Mas, diante do mundo perdido do Netflix, resolvi apostar na película, já que estava catalogado como um romance. Romances em dia dos namorados é bem-vindo.

Com certeza, não é um daqueles grandes filmes de Allen. Além de esquemático e muito característico de um roteirista e diretor mais que experiente em cinema, o longa parece seguir regras bem definidas no roteiro. Por isso, para quem curte roteiros e roteirista, penso que assistir Magia ao Luar seja necessário. O diretor-roteirista caminha em fórmulas simples e quase didáticas sobre como escrever um roteiro.

Por outro lado, o filme chega a ser uma boa diversão pela sempre correta interpretação de Colin Firth e simpática Emma Stone. Na história ele é um mágico cético que é desafiado a descobrir o segredo da médium interpretada por Stone. Assim, iniciam as peripécias, ora divertidas e com bons diálogos. A redenção do personagem principal é um dos pontos altos da narrativa.

Vale a pena ver o filme sem muita expectativa, pois são boas as questões apresentadas por Allen. A questão da racionalidade e da crença na magia é um pano de fundo muito interessante, recheado de boas citações e reflexões. Além, de encontrar certo otimismo do diretor, ao defender que para um amor ser de verdade tem que haver um grau de fantasia e magia.

Eu recomendo assistir diante daquela máxima: é bom mesmo um filme ruim de Woody Allen. E também gostei da história, dos personagens e atores, das questões apresentadas e dos diálogos.

Bom filme.

Minha opinião 
:]