CURTA NOSSA FAN PAGE

5 de fevereiro de 2011

Mais um conto da série "Felizes para Sempre" - Blog e-Urbanidade

Lenny Kravitz

Ela era pura ansiedade. Finalmente ia ver o esperado show, do cantor que tinha todos os discos: Lenny Kravitz. Sabia todos os refrões, todas as letras, rimas e até tinha uma grande foto dele escondida atrás dos lençóis do armário, para que o marido não visse. Ele não fazia nenhuma questão daquele show, mas como ela tinha ido com ele no lançamento daquele filme cabeça dia atrás, não havia escapatória.


No sábado choveu o dia inteiro. “Amor, você não acha que pode pegar uma gripe com tanta chuva?”, tentou ele. Ela nem respondeu, começou a mudar o figurino. A sandália aberta foi trocada por um sapato fechado, a calça na canela por uma comprida. E ele desistiu de buscar por alguma coisa que fizesse mudar de ideia.

Sempre que tentava dizer que não ia ou pensava num discurso definitivo ou até mesmo grosseiro, vinham à mente as palavras de uma amiga dela: “Você é um marido exemplar. Vai até ao show com ela! Queria que seu marido fosse assim!” Pronto aquilo era suficiente para prosseguir naquele programa impossível.

E lá foram eles. Ela, entre as amigas, estava preparada para o show enquanto chuviscava. A multidão a porta, misturada com o cheiro de churrasquinho e pipoca, assustava. Ele ia andando como um animal para o abatedouro. E ela em puro entusiasmo. Veio o show de abertura, mas outro e nada do tal cantor pop aparecer.

Depois de muito barulho, Lenny entrou. A multidão ficou extasiada. Com certeza o marido não suportaria até o fim! Decidiu se enfiar entra as pessoas e procurar por uma cerveja ou até mesmo um copo de água. Explicou a intenção pra ela, ma não foi ouvido. Cantava um dos refrões que mais gostava. Entenderam-se com a linguagem dos sinais mesmo.

Comprou uma cerveja e foi tomando em goles curtos e demorados. Pegou no papo com um marido que também esperava pela esposa. “Incrível que existem outras pessoas como eu”, pensou com os botões. De repente descobriu uma legião deles, mulheres e homens que estavam ali apenas para acompanhar o parceiro, amigo ou quem quer que fosse.

Hora do bis, do mais uma. Começaram a dispersar e o celulares a tocar. “Estou debaixo da barraca vermelha”, “Mais à direita”, “À esquerda do palco”, “Estou te vendo aqui!”. E assim iam se encontrando. A despedida dos companheiros de espera era feita com adeus ou por olhares rápidos.

Finalmente, ouviu: “Amor, não foi maravilhoso! Te amo!”, disse ela, abraçando e dando um beijo longo, meio suado, mas carinhoso. Não dava para dizer mais nada. Demoraram quarenta minutos para sair do estádio e mais cinquenta para conseguir chegar ao carro e sair do engarrafamento.

Eles tomaram um banho quente quando chegaram em casa e dormiram abraçados, ainda com os cabelos molhados. E lá no subconciente ainda ecoava uma das letras do cantor da noite. “Temos que amar e facilitar as coisas”. Are you gonna go my way?

Publicado em 31 de março de 2005.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário.