Enquanto Houver Champanhe, Há Esperança trata-se da biografia do jornalista Zózimo Barrozo do Amaral, sendo uma verdadeira aventura sobre o universo carioca e de um Brasil em alta transformação dos anos 1960 ao fim dos 1990. Escrito pelo também jornalista Joaquim Ferreira dos Santos, cheguei no volume de quase 700 páginas naquelas minhas peregrinações pelas livrarias a fim de fotografar capas de possíveis e futuras investidas literárias.
Enquanto Houver Champanhe é uma imersão em um estilo de jornalismo e de "colunismo social" (vão aspas aqui, pois tal denominação pode ser questionável, reduzindo um estilo a simples fotos de personalidades em festas e bailes) que se criou e ainda resiste nos poucos veículos impressos que temos no país. Mas, para quem é da época que os jornais diários eram quem traziam as novidades e "furos" para casa, Joaquim traz um relato fascinante de quase três décadas, sua sociedade, costumes, política e tipo de jornalismo feito aqui.
Enquanto conhecemos sobre Zózimo vamos percebendo a transformação de um país que em tão pouco tempo deixou de usar black tie e falar francês e passou a se juntar em boates e a imitar a turma do Tio Sam. Também está ali um Brasil que vai da opressora ditadura a democracia corrupta.
Assim como a crônica diária é um estilo próprio na literatura brasileira, o "colunismo social" com notícias de todo o tipo, desde fotos de madames a furos sobre esportes, política e até mesmo economia, Zózimo foi o grande expoente deste formato. Por isso, na leitura é possível dar boas e altas gargalhadas com sua verve ácida e bem humorada.
Ah, também era um Brasil menos chato e sem esta onda do politicamente correto que permitia algo assim: "-Consta que depois da operação, Roberta Close vai mudar de nome. - Vai se chamar Roberta Open."
Distante do Rio de Janeiro, acompanhei o colunista Zózimo em algumas entrevistas em revistas, jornais de grande circulação e programas de tevê, por isso a escolha do livro foi, antes de mais nada, a possibilidade de navegar por assuntos variados e aparentemente fúteis, mas que retratam tanto sobre a sociedade e o próprio jornalismo (afinal, fiz um ano deste curso!).
Tenho ainda verdadeira admiração pelos escritores-biógrafos como Ruy Castro e, aqui, Joaquim Ferreira dos Santos. Um volume com tantos detalhes, escrito após horas e horas de entrevistas e pesquisa me parece ser sempre uma feliz investida. Elaborado em capítulos curtos, mesmo narrado a partir de uma uma cronologia dos fatos é curioso como o autor propõe alguns temas e detalha em diferentes fases do mesmo Zózimo que foi do porra-louca ao quase budista, antes de falecer com câncer em 1997.
Recomendo, com certeza, Enquanto Houver Champanhe para quem gosta de boas histórias envolvendo pessoas que cruzamos ou assistimos ainda por aí. Fundamental para estudantes de Jornalismo (se ainda existe algum!) e para tantos "colunistas" espalhados por esse país que ainda enchem jornal com fotos de pessoas desconhecidas e fazendo aquele colunismo que já acabou na década de 70.
Enquanto Houver Champanhe, Haverá Esperança
Editora Intrínseca
Formato(s) de venda: livro, e-book
Páginas: 672
Gênero: Não Ficção
Lançamento: 01/11/2016
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