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5 de julho de 2012

Ler, pela primeira vez, um bom poema - Crônica - Blog e-Urbanidade

Durante muito tempo não fui um bom leitor de poemas. Aquela máxima que eles servem para nos fazer ver o mundo de sempre por outro olhar, cheio de novidades, não foi instantânea. Reconheço que não fui muito bem instruído nisso, assim como gostava, desde muito cedo, de prosa. Na adolescência fui um verdadeiro devorador de histórias, mas os poemas não me tocavam. Claro, que li Cecília Meireles, Cora Coralina e muitos outros e outras.

A história mudou, porém, quando li, pela primeira vez, Fernando Pessoa. Não sei ao certo qual foi o poema, mas me acertou em cheio. Gosto do poeta português pela sua forma de ver o mundo e sempre que o leio tenho a mesma sensação: como gostaria de ter escrito isso! Afinal, é tanta a cumplicidade entre nossos sentimentos que me sinto extremamente conectado com suas palavras. 

Tudo isso se potencializou quando Maria Bethânia decidiu gravar as poesias de Pessoa entre suas músicas no álbum Imitação da Vida, em 1997. São várias as citações do poeta entre as músicas brasileiras. A mais marcante para mim é o hit de Isaura Garcia (Quando o carteiro chegou, o seu nome gritou...) pausada com a poesia “Todas as cartas de amor são ridículas...”. É de arrepiar!

Outros poetas brasileiros são impressionantes na sua forma de escrever e de nos tocar, como a simplicidade de Carlos Drummond de Andrade e a beleza de João Cabral Melo Neto. E lá vou esquecendo-se de um monte de nomes, se ainda me permite, Mário QuintanaManuel Bandeira e a sempre tocante Cora Coralina e seus poemas do universo feminino.E tantos e tantos outros.

Também gosto muito dos poetas que escrevem música. Quando compro um disco, fico ali, degustando palavra por palavra. E daí, ouço milhares de vezes cada estrofe. Quem não foi marcado, por exemplo, por Renato Russo, Cazuza, Ana Carolina e tantos outros. Atualmente, já disse aqui, estou me degastando ao ouvir o Oásis de Bethânia. A cada dia me estaciono num verso e penso sobre ele, até cansar. Os poemas têm dessas coisas, impregnam, mas tem uma hora que se deve deixá-los de lado.  Seguir em frente e, de vez em quando, se permitir mergulhar rapidamente naquele mundo, pois poesia é antes de mais nada, sensações e memória. 

E para terminar, um pouco da poesia de Djavan que ouvi pela voz de Bethânia:

É inútil chorar
Noites enveredar
Ruir por nada assim
Minha vida é sua
Como um marinheiro do mar
Sofrer não há porque

Desencana meu amor

Tudo seu é muita dor
Vive
Deixa o tempo resolver
O que tem que acontecer
Livre

Tanto que eu sonhei

Nos amar a pleno vapor
Tanto que eu quis
Fazê-la estrela
Da sagração de um ser feliz

Desinflama meu amor

Do seu jeito é muita dor
Vive
Deixa o tempo resolver
Se tiver que acontecer
Vive

Desencana meu amor

Tudo seu é muita dor
Vive
Deixa o tempo resolver
O que tem que acontecer
Livre.

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