Preciso fazer um retiro espiritual e encontra-se enfim – enfim, mas que medo – de mim mesma.
Clarice Lispector
Quem disse que ter uma biblioteca em casa, mesmo que pequena, não é a maior riqueza do mundo. Eu que nutri – e comprei – vários deles, e estão encaixotados um pouco aqui e outros ali, senti uma necessidade de reparti-los. Está bem, isso é uma forma poética de dizer que vou leva-los – ou vou ainda? – para um sebo. Mas o que quero dizer é que na pequena estante da entrada do banheiro do meu apartamento deparei com o livro Aprendendo a Viver. Resolvi abrir e reler. Lá estavam muitas anotações e coisas sublinhadas e me deparei com o trecho acima.
Sim, existem muitos momentos na vida que a gente sai demais, não quero nem dizer para ir numa festa ou na balada. A gente sai mesmo, como diz lá na minha terra, do prumo. Fazemos tudo rápido demais, depressa e nem fazemos aquele negócio de olhar pra dentro. Tudo bem que os freudianos vão dizer que as pessoas que exercem muitas atividades acabam por fugir de si mesmas. Tem lá sua verdade!
Encontrar consigo mesmo não é fácil, mas o mais complicado é se deixar perder. Não pense que isso é uma reclamação, pois tenho pensado muito comigo mesmo nos últimos meses. Mas a gente precisa ter coragem de ir naquele caminho, por exemplo. E talvez a idade é que vai nos ajudando a fazer isso, certo? Nem tanto! Porém, a gente percebe que nem sempre existe certo e errado. Sabe como é isso? Tem uma fase na vida que achamos que escolher isso ou aquilo é correto.
Os quarenta anos nos ensina a aprender a fazer escolhas. Não sei se vem da cultura ocidental, do cristianismo, do moralismo ou dos contos de fadas, mas aquela história de que existe sempre um certo ou errado nos maltrata. Em um curso que fiz de gerenciamento de empresa, memorável a fala do professor ao afirmar que um executivo precisa sempre decidir, não deve pensar em certo ou errado. Mas, nas consequências dessa ou daquela decisão.
Tenho entendido que não precisamos sempre pensar em certo ou errado, na verdade, existem decisões a serem tomadas, o tempo nos dirá não que acertamos ou erramos, o contrário, porém as consequências de ter feito isso. Pensar assim, nos alivia e nos deixa menos culpados – outro elemento da cultura ocidental, do cristianismo.
E aqui volto a Clarice, pois muitas vezes nos distanciamos de nós mesmos com medo desse ou daquele julgamento. O melhor é ir. Olhar para si mesmo, exige pensar menos cartesianamente entre certo e errado e seguir, fortalecendo nossas decisões. Sim, isso nos torna felizes.
bom texto Celso... certo ou errado não importa...concordo contigo com escolhas e consequencias...
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