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29 de outubro de 2011

ENEM 2011 - Blog e-Urbanidade


Sobre o assunto ENEM, recebi na sexta-feira um link do Prof. Arthur sobre o ENEM. Claro que toda opinião é bem-vinda, mas resolvi discutir com ele alguns itens sobre a fala dele, que está nesse link. Acho que pode ajudar a pensarmos melhor sobre o processo, na tentativa de dar mais elementos a todos que acompanham isso. 

Prezado Prof. Arthur, não concordo com sua opinião neste post que, com todo respeito, ele não acrescenta informações sobre o processo do ENEM. Se me permite, gostaria de dar algumas informações.

Primeiro, para entender o ENEM é preciso compreender o processo estatístico que o embasa, que é usado em outros sistemas de avaliação no Brasil e no exterior, o TRI – Teoria de Resposta ao Item. Essa teoria ela procura fazer uma análise “qualitativa” a partir de resultados “quantitativos”. E funciona muito bem, quando o analisamos. Funciona assim, mais ou menos, quando nós, professores, valorizamos metade de uma questão de um aluno, por ele acertar uma parte. Portanto, até mesmo o tipo de alternativa que o estudante marca no certame é possível fazer uma interpretação do que sabe, se sabe e o quanto sabe.

Para existir o TRI é necessário fazer o pré-teste, sistema completamente diferente de outros concursos e vestibulares. Essa fase do processo é feita com o sorteio de algumas escolas pelo país, são aplicadas as provas e imediatamente retirada da mão de todos, a final TODOS assinam um termo de sigilo. Os itens voltam para o MEC e é feita uma avaliação de cada item, estatística e pedagogicamente. O item aprovado entra para BNI – Banco Nacional de Itens – e os que não representaram bem a partir da TRI, retirado.

Sendo assim, a universidade ou faculdade que assumir o ENEM como processo de entrada dos seus alunos em sua instituição entende que o sistema é esse e que pode ser muito mais significativo que métodos tradicionais de vestibular. Aderir é facultativo.  O processo analisa como nosso aluno sai do Ensino Médio, quais habilidades tem expertise e até mesmo o que tem errado. Dados fundamentais para serem discutidos em reuniões pedagógicas ou para a criação de políticas públicas educacionais.

Provas nacionais existem em vários países para fazer tais análises e não temos apenas o ENEM no INEP com esse sistema. Temos a Prova Brasil que teve várias oficinas pelo Brasil, convidando professores para participarem do BNI. Muitos participaram e atualizam o banco até hoje. Porém, todos assumem o sigilo e sabem, contratualmente, que não podem, de forma alguma, aplicar tais questões em sala de aula, por exemplo.

Agora porque o ENEM causa tanta confusão e a Prova Brasil, não? Simples, existe um grupo de empresários totalmente contra o processo que é muito mais democrático, acabando de vez com a máquina de cursinhos que existe no país. Temos, por exemplo, aqui em São Paulo empresas que não dormem só de pensar que a USP possa aceitar o ENEM em seu processo de integração a instituição. Portanto, os professores, em todas as suas aulas, falam mal do ENEM, do primeiro ao último dia. Depois SP saí mal nos resultados da prova e dizem aqui a escola é fraca, na verdade, os alunos não têm o mínimo interesse em fazer.

O MEC não é incompetente, sem ética é o professor, sim. Ou a escola ou quem mais deixou o mesmo copiar a prova. E se ele aplicou aos alunos, ele fura completamente o que ele mesmo se comprometeu a fazer. Pensemos assim, não são alguns itens que os alunos viram, houve um pré-teste de todas as questões da prova em todo Brasil, portanto todos foram éticos de não fazer o mesmo que o professor do CE que, ele sim, errou. Ele está seriamente encalacrado e a Polícia Federal está em cima.

Claro que poderíamos discutir coisas como: será que os processos de vestibular – que sugere que volte – são realmente limpos. Processos de vazamento de questões, cópia da prova, professor sem ética que participa da banca e depois vai dar aula em cursinho, etc, etc sempre aconteceram. Até mesmo em Concurso Público acontece. Basta entrar no Google e uma rápida pesquisa é possível ver sim. E o ENEM causa essa comoção toda por simples motivos: as pessoas não entendem o processo e querem esvaziar a importância do processo no nosso ensino. Mesmo que concorde que ele deve ser feito com lisura e, nesse caso, quem não agiu assim foi o professor. Ele não é bode expiatório, ele deve assumir seus atos, quando se propôs a participar do processo. 

Descordo, completamente da sua tese de voltar o vestibular. Sou professor há mais de vinte anos e sempre lutamos por uma prova que não avaliasse apenas conteúdo desconexos da realidade. Já participei de inúmeras discussões e lutas sobre isso. Veja, a avaliação do ENEM desde 1998 vem crescendo e é um processo vindo do MEC para as instituições, ou seja, o que sempre lutamos que houvesse, pois sempre reclamávamos de um ensino mais significativo no país, mas esbarrávamos sempre nos tradicionais vestibulares. Precisamos apenas não cair nas manipulações jornalísticas ou de grupos que querem derrubar o processo que é muito mais democrático, sim. E voltarmos a propiciar o Ensino Superior público apenas para poucos alunos que tem condição de estudar em escolas ou cursinhos de grife. Eu não quero mais isso! Sinto como se defendesse que deveríamos fechar o Congresso Nacional e voltar o AI-5, já que temos tanta corrupção no país.

Espero ter contribuído com seus leitores.

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