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29 de maio de 2011

A dor que nunca seca - Crônica - Blog e-Urbanidade


Ler o jornal de hoje não foi tarefa fácil.  O Correio Braziliense separa cinco páginas inteiras para falar do acidente com o barco que afundou no domingo passado no lago Paranoá. E a matéria conta quem era e quais sonhos tinham as pessoas que perderam a vida na festa que acabou tão tragicamente. Se pensa que parou por ai, nas páginas seguintes relata sobre um acidente de carro em que cinco amigas perdem a vida.  Colegas de faculdade, se envolveram em um batida de trânsito horrível.

Foto: Celso Júnior/ER - R7
Com tantas notícias tristes e mesmo que e o céu brasiliense, sempre louvado em verso e prosa, esteja límpido e lindo, parece não conseguir tirar do coração aquela sensação de perda e saudade.

Sei que este blog sempre tem assuntos felizes, mas quem já perdeu alguém próximo, principalmente em acidente, não pode deixar de ver esses acontecimento sem que lhe cause uma certa empatia. Para dizer a verdade, quando perdemos alguém tudo nos faz lembrá-la. Aliás, devo dizer que todas as vezes que vou ao cemitério, para enterrar um desconhecido que seja, os sentimentos voltam.

Dia atrás conversava com uma aluna que acabara de perder o pai. Ainda sem cabeça para tocar a vida, fiz o que a gente sempre deve fazer nessas horas: ouvir. Afinal, não existe o que dizer ou mudar. Lá pela tantas, não resisti dizer que a saudade nunca acaba, a gente aprende a conviver com ela. A todo Natal, dia de qualquer coisa parece que falta alguém a mesa. Anos atrás chorávamos, hoje tocamos a vida. Acho que é isso que o tempo faz conosco.

Não gosto de pensar na história de que tudo está no destino.  Ver assim é, no mínimo, mais terrível ainda. Mas elas se foram, portanto é preciso viver com essa dor. A gente aprende a conviver com ela. Não se toca tudo facilmente, mas não há o que fazer.

Espero que essas famílias tenham a tão difícil esperança de que o tempo fará com que tudo seja suportável e que nós possamos ser mais cuidadosos a atravessar uma avenida ou alugar um barco para uma festa. Sabe uma coisa que sempre penso, parece maluquice, mas ao atravessar uma rua sem olhar para os lados ou dirigir acima da velocidade penso: não quero que ninguém, principalmente meu pais, sinta a dor que sentimos quando perdemos minha irmã. Não sei fazer juízo de valor sobre tais pensamentos, mas me ajudam a cuidar de mim.

Existem os culpados, os negligentes que atravessaram a rua e nos fizeram perder os nossos queridos parentes. Tem que haver justiça. Mas também sei que nada e ninguém apagará esta dor, afinal essas vidas não voltam mais. Mas é preciso acreditar na vida e tocá-la para frente, mesmo que isso, nesse momento, seja extremamente difícil. Por hora, queridos familiares, chorem e faça aquele movimento simples: expire e inspire. Só o tempo, torna a dor e a saudade mais suportável. 

23 de maio de 2011

Cheio de Charme - Marian Keyes - Blog e-Urbanidade


Livro - Cheio de Charme
Finalmente terminei o longuíssimo Cheio de Charme de Marian Keyes, o último livro da autora lançado no fim do ano passado aqui no Brasil. Demorei mais de dois meses para concluir, como disse a dias atrás, não ando conseguindo ler muito nos últimos tempos, mas pelo menos quatro páginas diárias não deixo passar em branco. E como nada disso interessa a vocês, voltemos ao assunto.

Cheio de Charme conta a história de três moças unidas por uma relação com o cheio de charme, Paddy de Courcy. Político e por onde passou deixou sua marca no coração e no corpo das moças que acabam se reunindo, nas últimas páginas, para executar um plano para derrubá-lo. Aliás, a história é super atual, principalmente se dermos uma olhada no escândalo que rodeia a imprensa sobre Dominique Straus-Kahn - presidente do FMI. Uma das personagens parece ser ctrl+c, uma jornalista estuprada pelo político. 

Marian Keyes é considerada a grande rainha do chick lit. Autora de vários livros, inclusive já andei sugerindo alguns deles no blog Lost in Chick lit.  O estilo da escritora está no livro, obviamente. Principalmente, uma longa história que só se desenrola do meio pra frente, ou seja, após mais de 350 páginas lidas. Isso mesmo, o livro tem nada mais e nada menos do que 784 páginas. Eu tenho certeza aboluta que a mesma história seria contada, com até mais vigor, com trezentas páginas a menos.

Mesmo com tanto “espichamento” o livro é agradável, bem diferente de alguns da autora que detestei, como Los Angeles. A escritora voltou a sua boa forma, mas nem só por isso não deixa com que suas personagens fiquem horas falando das suas peripécias sobre se devem ou não tomar vitamina B. É chato, mas diria que nesse livro ela consegue um tom mais possível.

Marian Keyes -
a diva do chick lit
O livro é inovador. Primeiro no formato. A história das três moças é contada por capítulos que possuem fontes diferenciadas e apenas uma delas conta em primeira pessoa. Logo, boa parte do livro é narrado em terceira pessoa, uma novidade quando falamos do estilo chick lit que é caracterizado, principalmente, pela forma mais pessoal de contar suas histórias.

Também é muito divertido (e corajoso) ter um dos mocinhos – e o principal – como cross-dresser, ou seja, homem que gosta de se vestir de mulher. Sem dúvida, só mesmo quem tem vários livros nas costas pode inovar assim e não perder seu público-leitor-consumidor. Inclusive, não faltam cenas de espancamento a mulheres, etc etc.

O livro tem lá seus pontos fracos, um deles é o tamanho, que já falei. A história só começa a acontecer lá pelo meio. Não deixei pelo caminho porque a crítica tinha elogiado muito. E o fechamento é muito inverossímil, não na história em si. Mas três – depois, cinco – moças que foram espancadas batem na porta do rapaz para tomar satisfação anos depois sem um segurança com elas? E o pior, o tal cara violento ouvi tudo, meio irônico, mas sem nenhum empurrão nelas? Muito nada a ver a sequência toda!

Inclusive tinha um sujeito que fazia todo o mal do livro em nome do tal Paddy e não faz nada diante das mulheres, o tal motorista John Espanhol. Olha só que estranho, o cara bota fogo no carro para assustar uma das moças, protege o seu patrão... e na hora aga ele não faz nada? Aliás, nem aparece? Um furo grave da história. 

Sobre o fechamento da história, minha opinião é simples, é resolvido muito facilmente. Acho que nem Marian Keyes aguentava mais escrever tanto, por isso partiu para uma solução fácil.

É um bom livro, sim. Engração, principalmente nas primeiras páginas. Dei boas gargalhadas, sem dúvida, a autora é uma expert nisso. E também gosto da mistura que Keys saber fazer muito bem com assuntos controversos, tais como, alcoolismo, violência a mulher, corrupção na política, conchavos políticos e cross-dressing. Sinto ainda que em alguns casos faltou mergulhar um pouco mais nas histórias, mesmo com tantas páginas algumas coisas ficam meio superficiais, mas acho que isso faz parte da proposta da autora.

Para quem gosta do estilo chick lit não pode deixar de ler. Para quem quer começar a ler os livros da autora, também já dei minha sugestão por aqui. Quem quer um bom livro para se divertir, dar boas gargalhadas, falar sério algumas vezes, é um livro imperdível. Apesar das 784 páginas...

21 de maio de 2011

Minha Urbe: comida chinesa em Brasília - Blog e-Urbanidade

Brasília possui bons restaurantes de comida orientais e digo que o cenário de lugares que servem boa comida na cidade andou mudando nos últimos tempos. E pra melhor.

Pra comida chinesa, não acho que existem melhores opções além do Careca (407 Norte). Sei que alguns podem achar que isso é um sacrilégio, inclusive porque o lugar andou tendo visitas da saúde pública anos atrás. Mas, eu, acredito piamente que isso esta resolvido (ou prefiro acreditar). O lugar é simples, comida barata e perfeita! Pode comer tudo, sem medo de errar.


Já de comida japonês andei cansados dos de sempre e caros. E barulhentos! Por isso, gostei, por exemplo, quando o Sumô Lounge (204 Sul) apareceu por aqui. Com um preço mais justo e comida cheia de novidades, foi uma boa surpresa. Há de se dizer que nem tudo é um espetáculo no lugar, inclusive a decoração. As mesas são perto demais e se você quer curtir um momento a dois, esqueça. Aliás, dia desses estive lá e tinha um homem que falava tão alto que achei detestável.

Perdido pela Asa Sul, procurando algo para comer, entrei, meio no susto, em uma porta. Saquei que era japonês e a decoração, pelo contrário, era muito simpática. Com alguns erros na execução, mas isso não é uma coluna de designer, eu sei! Zeni Sushi (404 Sul) é uma lugar simpático, o atendimento super agradável e a comida deliciosa. Gostei e quero voltar mesmo. E o preço é realmente um atrativo. Pelo o que entendi é de São Paulo e os donos estão empenhados em oferecer um bom serviço.

Agora uma novidade que não fui conferir, mas simpaticamente recebi informações pela assessoria é o Sushiloko. Gostei da proposta, principalmente por procurar unir bom preço e sabor. Descobri que estão aqui desde 2008 no Lago Norte – horrível da minha parte nunca ter ido. Recebi o cardápio com os valores e são ótimos. Por exemplo, um combo com vinte peças saí por R$ 20, 90 e vai de Temaki a Hot Philadelfia.

Segundo Camila Vilhena, gerente de marketing do grupo, o rápido crescimento da rede, que saí de Brasília e chega a outras cidades, se deve à maneira inovadora de ofertar comida japonesa: de forma prática e descolada, mantendo-se a qualidade e variedade de um restaurante tradicional. Então, sem dúvida preciso sair da dieta e ir lá conhecer. E são cinco unidades em Brasília. (www.sushiloko.com.br)

Bom, se você está procurando algumas opções de comida oriental em Brasília, boa sorte. E me conte sua opinião.

19 de maio de 2011

As lições que os cães nos dão - Crônica - Blog e-Urbanidade



Tenho vivido uma experiência ambígua e pra lá de interessante. Há algum tempo comprei um novo cachorro, de raça grande, para fazer companhia para outro do mesmo porte. No fim do ano passado, faleceu o companheiro desse último e andava meio sozinho.

Também tenho outros dois cachorros de porte pequeno e um deles está há quatorze anos comigo, logo está bem debilitado. Sobe as escadas devagar, acaba de se curar de uma anemia recheada de muitos remédios e vira e mexe traz uma nova doença. Sempre com aquela fisionomia cansada.

A juventude e a velhice estão juntas convivendo na mesma casa. Sem dúvida, aquele mesmo sentimento que teve o autor de Marlen e Eu também está aqui: a percepção da nossa finitude. O tempo passa e nos transforma, para melhor e para pior.

Lembro-me até hoje de trazer meu cão para casa, cheio de medo – traço marcante de sua personalidade. Assim que o trouxe e fui levá-lo para o veterinário, se enfiou debaixo do banco do carro e nada o fazia sair de lá. Em seguida, foram meses de sandálias, sofás e qualquer outra coisa perdida e triturada enquanto não estávamos em casa. Ah, também foi inesquecível o médico que me disse que ele duraria, no máximo, vinte dias, afinal havia o comprado na feira de animas que existia lá no estacionamento do Carrefour.

Agora, por outro lado, o novo cachorro que o chamamos de Barein trouxe muita energia para casa, porém os cães antigos não estão gostando nada disso. Não da sua personalidade, mas da sua energia. Sempre encontramos algum estranhamento entre eles. Acho que a juventude tem dessas coisas, incomoda a gente. Deve ter a ver com energia, disposição e uma certa alegria incessante de viver.

Ser capaz de viver – e conviver – com as diferentes fases da vida não é tarefa fácil, principalmente quando encontramos a tal velhice, pois ela além de nos incomodar, parece deixar os jovens meio impacientes, não é? Não estamos preparados para os passos lentos e o ritmo desacelerado do mundo. Porém, o mais importante em tudo isso é que me pego pensando, várias vezes ao dia, sobre como será a minha própria velhice. 

Saber envelhecer não é tarefa fácil, ou melhor, lidar com o tempo passando não é para qualquer um. Não sou especialista no assunto, mas não tenho deixado de pensar sobre tudo isso. Será que terei alguém para me ajudar a levantar da cama? Lembrar do remédio? Claro que ter apenas um bom cuidador por perto não é suficiente. O importante é ter também muita afetividade próxima e de preferência de pessoas queridas.

Precisamos compreender sobre nossa finitude e que o tempo vai passando. Com isso o corpo enfraquece, os olhos falham e os ossos rangem. Devemos buscar, além de uma vida saudável, relações amigáveis e nos cercar de amigos e familiares queridos. Quem sabe possa ter uma velhice normal e cheia de cuidados especiais como meu cachorro tem tido o privilégio.   

3 de maio de 2011

Tati Quebra Barraco ou Zuu? - Conto - Blog e-Urbanidade

Ele estava numa enrascada. Há quase um ano foi para o Rio cobrir uma feira de livros. Aproveitando a estada, teve que fazer uma matéria para o jornal. Apesar de não ser seu tema preferido, quando se é pautado, não há outra escolha! E lá foi ele, assistir um show de funk na Cidade de Deus  e entrevistou uma tal de Tati Quebra Barraco que estava de malas prontas para Londres. Tati era totalmente up to date, última moda, quase uma cult no mundo dos descolados.

Agora a musa do funk carioca estava na capital. E o pior, a esposa do nosso jornalista estava desesperada para conferir o show. E ele, quando pensava naquele monte de gente amontoada, tinha certeza que gostaria de nem aparecer por aquelas bandas. E ele nunca fora fã daquele tipo de música.

Ele pensava numa forma de convencer a esposa a mudar de opinião. Convidou para um jantarzinho à luz de velas, a ida a um novo restaurante, uma passadinha na cada da mãe dela... E nada tirava a ideia fixa da mulher.

"Faça o que quiser", desesperou-se ele, apresentando a última cartada. "Vamos aonde tiver vontade"Ela pensou, preparou e atirou: "Quero ir naquele restaurante...", e deixou um silêncio no ar, suspense, "... no Zuu", terminou ela.

Mais silêncio, ele pensou nas contas e ela também. Sabia que não havia outro jeito: ou ele ia com ela no show ou teria, pelo menos, que buscá-la ao final. Mas há muito tempo eles precisavam curtir um momento a dois, num bom restaurante, com uma boa bebida. Topou! Ela nem acreditou e, finalmente, foi dobrada!

Fizeram a reserva, se arrumaram e passaram no banco para tira as folhas de cheque. Ele pediu a entrada e uma garrafa de champagne. Depois veio o prato principal . Ele pediu o camarão e ela preferiu repetir a entrada, mesmo que parecesse errado, mas não resistiu a mais um pouco de foie grass.


Pediram cada um a sua própria sobremesa, não entraram em acordo. Depois mais champagne. Tomaram duas garrafas! Ele, que era muito fraco para bebidas acoolicas, assinou o cheque meio tonto e quase trocando algumas linhas. Os dois eram pura felicidade e descontração.

Foram embora, animados! Queriam esticar a noite. Mas o que fazer? "Que tal Tati Quebra Barraco?", ele perguntou. Ela ficou sem ação, apenas sorriu e, claro, preferiu ir pra casa. Conhecia seu marido. Ele não gostava do gênero musical e em poucos minutos ia cair no sono.

Quando chegaram em casa, ela mesma tratou de fazer o show: "Sou cachorra, sou gatinha, não adianta se esquivar, vou soltar a minha fera, eu boto o bicho pra pegar."E o bicho pegou foi... no sono! Ela, que não teve como soltar a fera, dormiu logo depois, tonta. A noite fora perfeita! E vamos combinar: em grande estilo!

Publicado em 07 de abril  
de 2005