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27 de fevereiro de 2017

Moolight - Sob a Luz do Luar. Valeu torcer! - Blog e-Urbanidade

"À luz da lua, os corpos negros parecem azuis" e diante desta fala, constrói-se uma dos filmes mais interessante e emocionante da safra Oscar 2017: Moonligth: Sob a Luz do Luar. Fiz questão de estar em uma das primeiras sessões ao chegar ao Brasil e saí de lá convencido que merecia todas as indicações ao prêmio americano.  Torcia, também, para levar algumas estatuetas, mas não acreditava muito diante do favoritismo de La La Land . E depois da cena mais grotesca do mundo, o prêmio saiu das mãos dos produtores do musical e foi parar com o diretor Barry Jenkins. Yes!

O filme conta a história de Chiron em três atos: pequeno, adolescente e adulto. Negro, morador da periferia de Miami, perto de uma boca de fumo, a jornada do herói não é das mais fáceis. Estamos diante de um grande herói!

Questões de uma sociedade imersa nas drogas e no preconceito racial e sexual são com tanta força apresentados que, apesar de causar estranheza na primeira imagem, aquele Chiron forte, mascarado por músculos e dentes de ouro parece necessário.

Com um elenco eficiente e potente, com dois coadjuvantes concorrendo ao Oscar e um deles levando (Mahershala Ali levou pra casa de melhor ator, já Naomie Harris perdeu, felizmente, para Viola Davis). é um filme necessário, real e extremamente delicado ao expor o conflito de Chiron e sua sexualidade. Pelo roteiro adaptado também levou o prêmio americano merecidamente.

Saí da sessão pensando sobre as máscaras que vamos criando para buscar uma forma de nos esconder dos nossos medos, realidade e até mesmo inseguranças, assim com a lua pode tornar um negro azul. E como é bom quando o filme nos faz sair da projeção calados e refletindo sobre a situação de desigualdade dos negros, inclusive no nosso país, e sobre as várias formas de preconceito que passamos na vida (mesmo sendo brancos).

De verdade, a questão sexual de Chifron é tão delicada e conflituosamente apresentada que me senti dentro do personagem enquanto ele ficava calado, mas percebia-se sua inquietação interna. Em Chifron me vi em vários momentos da vida!

Genial e tocante, Moonlight deve ser visto, revisto e discutido.

E viva o bom cinema americano!


22 de fevereiro de 2017

Lion, Uma Jornada para Casa - Blog e-Urbanidade

Lion, Uma Jornada Para Casa
E agora vamos falar de Lion, Uma Jornada Para Casa, que conta a história do indiano Saroo que um dia se perde na estação de trem, enquanto aguarda seu irmão. Abandonado, vai parar em um abrigo de crianças, onde é adotado por uma família australiana.

Mesmo tentando reconstruir sua vida, Sarro cresce atormentado pela falta da família biológica e, principalmente, preocupado com seu irmão, aquele deixado na estação. Assim, a jornada do personagem é a de reencontrar sua família e dar um novo sentido para sua vida.

Segundo longa-metragem do diretor Garth Davis, o roteiro é linear, mas chega a emocionar.

Primeiro motivo: as interpretações são bem defendidas, mas o que torna Lion imperdível é o garoto Sunny Pawar que vive Saroo na primeira fase. Mas, Dav Patel é quem concorre ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante esse ano. Não deve levar!

Segundo motivo: eu não curto filmes com grandes cenas, ou seja, aquelas de falas impactantes, pra mim sempre é inverossímil, mas, mesmo um pouco didática, é emocionante o encontro entre Nicole Kidman (no papel da mãe adotiva, Sue) e Dav (Saroo) ao discutirem sobre a adoção como um presente e não um peso. Vale a conscientização!

Lion não está em nenhuma das minhas listas de filmes preferidos ao Oscar deste ano, mas é uma película regular, com uma mensagem bonita, atores comportados, boas imagens (mesmo que pareça Cinema Novo, às vezes). É uma boa opção para um dia da semana que esteja cansado do escritório e quer ter uma desculpa para comer junk food  na praça de alimentação de algum shopping antes ou depois de assistir.

Bom filme.

19 de fevereiro de 2017

Estrelas Além do Tempo - Blog e-Urbanidade

Estrelas Além do Tempo
Aproveitei o fim de semana para prosseguir na maratona de assistir os filmes que concorrem ao Oscar 2017, assim vi dois que são inspirados em fatos reais, Lion e Estrelas Além do Tempo, e vou começar por esse último.

A escolha é quase óbvia por contar a história de três matemáticas negras ao colaborar com a Nasa ao enviar seu primeiro foguete ao espaço. Assim, a história é cheia de boas referências para nós matemáticos, tais como o nascimento da Matemática Moderna, a criação do primeiro computador IBM, a linguagem Fortran - que eu aprendi na minha graduação - e muita geometria analítica.

Na verdade tudo isso pode ser desprezado para gostar de Estrelas Além do Tempo. Com uma história de superação, principalmente dos direitos civis dos negros em plena Guerra Fria, a película usa de todos elementos de um roteiro melodramático e perfeitos para um domingo à tarde.

Mesmo sendo um filme muito gostoso de ver, concorrer ao Oscar de Melhor filme é muito, na minha opinião. Está lá por reunir bom elenco, roteiro regular e a busca da academia em valorizar filmes com negros depois de toda a polêmica do prêmio em 2016. Nem como melhor roteiro adaptado deve levar. Também Octavia Spencer concorre a Melhor Atriz Coadjuvante e não merece tanto, ela faz o seu personagem de sempre.

Mas recomendo, muito!, até pelo estranhamento que temos ao encontrar as questões raciais no universo americano e, quem sabe, as pessoas possam entender que o mais importante na sociedade atual nem sempre é de concordar com isso ou aquilo, mas em garantir direitos civis e iguais para todos.

Quando a legenda subiu não pude deixar de dizer que adorei o filme. Mesmo retratando um drama racial tão forte, momentos cômicos dão certa leveza e um tom nonsense para, por exemplo, os banheiros separados para brancos e negros. Também vale pelas boas cenas da cantora Janelle Monáe e a boa interpretação de Taraji P. Henson como protagonista.

Para finalizar, o diretor Theodore Melfi mesmo não tendo grandes filmes na sua filmografia, assina o roteiro de um filme que assisti o trailer e achei bem interessante - Despedida em Grande Estilo - que reuni nada mais nada menos que Morgan Freeman, Michael Caine, Alan Arkin. Entra no circuito brasileiro em abril.

Não deixem de ver Estrelas Além do Tempo.

8 de fevereiro de 2017

A Arte de Amar de Erich Fromm - Blog e-Urbanidade

Você sabia que amar é uma arte? Um exercício? Eu já havia ouvido (e lido) coisas do gênero, tanto na literatura e nas palestras do terapeuta Flávio Gikovate e na entrevista de Marisa Monte ao lançar o disco Verdade, Uma Ilusão há alguns anos. E essa é a teoria, também, do psicalista Erich Fromm no seu livro A Arte de Amar da Editora Martins Fontes.

No primeiro e segundo capítulo o psicanalista discute sobre as teorias do amor, partindo do pressuposto que seja o elemento fundamental da existência dos humanos, assim que saem da barriga da mãe. Simplificando, a busca daquele conforto é a mesma procurada no amor.

A partir desta introdução, em seguida, são apresentados os diferentes tipos de amores, são eles, entre pais e filhos, irmãos, erótico, a si mesmo e a Deus. Assim, vamos entendendo as nuances e as especificidades de cada um deles.

Antes do capítulo final, ainda há uma análise da desintegração do amor ocidental contemporâneo, e assim, na parte quatro, Fromm traz sua teoria final: o amor é uma prática. É preciso aprender um grande número de outras coisas - que muitas vezes parecem não ter nenhuma relação com ela -, antes de atacar a arte propriamente dita (p. 137).

Tarefa fácil não é e isso é claramente dito pelo autor, assim como a leitura nem sempre é tão leve desta obra. Precisei ir e voltar algumas vezes em algumas partes. Mas, sem dúvida tal assunto merece uma boa investigação, mas para mim, concluindo, Fromm torna verossímil tal busca. Para amar é preciso exercitar e nos dias de hoje grande parte das pessoas espera que ele aconteça como mágica, em um crush de aplicativo.

Boa leitura.

5 de fevereiro de 2017

Nove em Ponto - Teatro - Blog e-Urbanidade

Nove em Ponto
Foto: Divulgação
Nove em Ponto está em cartaz no Teatro Folha até 9 de março aqui em São Paulo às quartas e quintas-feiras. Tendo no palco Bianca Rinaldi, Leonardo Vieira, Carol Bezerra e Alex Gruli, tem o texto assinado Joana Jorge, Vinícius Marques e o novelista Rui Vilhena.

O texto explora os diferentes desdobramentos de um mesmo acontecimento, um jantar com dois casais, por três perspectivas: se chegarem 15 minutos antes, depois e às 9 em ponto. Com isso vamos conhecendo as personagens e aquela máxima de que a realidade é sempre vista pelos olhos de quem a vê. O sentido é sempre pessoal e quando observamos o mundo alheio, estamos sempre o fazendo sobre nossa perspectiva.

O ponto alto de Nove em Ponto está realmente no texto e na sua proposta. Com bons momentos, senti falta de uma direção mais afiada na condução de Bianca e Leonardo. Muitas e muitas vezes a montagem aposta em posturas mais caricatas de seus personagens, muito necessário em muitos espetáculos, mas que é preciso humanizá-las. Assim, fica-se na gritaria quase óbvia do texto, mas sem trazê-los para o centro  e que pode aproximar mais o público da história.

Lembro, por exemplo, da montagem de Histeria que traz o encontro de Freud e Dalì, em que nos primeiros minutos em cena o pintor catalão é totalmente caricato, obviamente!, mas ele vai se humanizando de tal forma que sua excentricidade não cansa e o mais importante acaba sendo o que o texto teatral quer dizer.

Destaco em Nove em Ponto a função de pícaro da personagem de Carol Bezerra. Sem dúvida, o casal secundário parece mais à vontade com seus personagens. Também muito divertida e bem feita as sequências em que voltam no tempo, trazendo claramente a linguagem audiovisual para a montagem.

Penso que vale a pena assistir, sem muito expectativa.

Minha Opinião:
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Serviço:
Teatro Folha
Temporada até: 9 de março
Apresentações: quartas e quintas-feiras, 21h
Ingresso: R$40,00 (setor único)
Duração: 80 minutos
Classificação: 14 anos