CURTA NOSSA FAN PAGE

8 de setembro de 2016

Aquarius - filme com Sônia Braga - Blog e-Urbanidade

Cena do filme Aquarius
As redes sociais e a crítica estão elogiando o filme Aquarius em todos os sentidos, ora pela interpretação de Sônia Braga ora pela belíssima história contada pelo diretor Kleber Mendonça. É difícil dizer o que mais agrada, mas a genialidade do roteiro é, pra mim, seu ponto mais forte.

Sei que algumas pessoas estão gritando "Fora Temer" em algumas apresentações e lá se vão alguns gritos de ordem, como se Clara, personagem de Sônia, estivesse a esse serviço. Talvez a relação tenha sido pela manifestação do elenco no lançamento em Cannes, mas penso que para por ai. No mais, Aquarius é uma crítica a classe média, em que estamos muitos de nós que lemos e fazemos blog, do qual a protagonista também faz parte. Só resta saber para que lado ir e com que armas vamos lutar. 

Quando o letreiro subiu, fiquei alguns minutos em silêncio, impactado com a última cena. Quem, de alguma forma ou outra, não gostaria de terminar algumas situação de forma tão cartática?

Clara é uma senhora de 65 anos que tem uma construtora à sua porta querendo comprar o último apartamento para começar um grande empreendimento à beira da praia de Boa Viagem, Recife. Assim, essa mulher, muito bem alfabetizada, come todas as refeições diárias, tem empregada doméstica, paga por sexo e que pode levar dois milhões pelo imóvel, nega todas as propostas. 

A partir construí-se uma história em que são apresentados elementos de uma sociedade brasileira tão diversa e que a instrução nem sempre significa a capacidade de entender o outro. Aliás, cidadania, para Aquarius, talvez seja a capacidade de se colocar no lugar do outro e "lutar" com "armas" honestas para mudar algo ou alguém.  

Algumas cenas são muito interessantes, como a sugestão de Maria Bethânia para o sobrinho, assim como o papo sobre o filho morto da empregada doméstica que é reduzida a monossílabos na cena da praia, entre Clara, sobrinho e namorada dele. Ali ficamos com aquela sensação clara de que andamos ficando muito frios com o sofrimento do outro. 

Não tenho dúvida em recomendar o filme. Mais um emblemático e importante filme sobre o Brasil que a gente conhece, mas que não quer ver.