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19 de maio de 2015

Visitando ao Sr. Green - intolerância no centro das relações - Blog e-Urbanidade

Assistir ao espetáculo Visitando ao Sr. Green - que volta ao palcos brasileiros - é uma destas boas oportunidades para presenciar boa dramaturgia, atores exercendo com maestria sua arte e direção correta. Também não posso esquecer da sonoplastia bem elaborada e iluminação bem conduzida.

Atores de Visitando ao Sr. Green
Dai, você pode dizer: não dá para levar a sério quem adjetiva tanto em apenas um parágrafo, ao tentar fazer uma "crítica', certo? Pois é, mas gostei do espetáculo, pronto!

Primeiro, a dramaturgia é bem construída, tendo como ponto de partida o encontro inusitado de um senhor judeu (Sr. Green) com mais de 80 anos e um rapaz gay (Ross), na casa dos trinta anos, que é obrigado a fazer visitas semanais ao velho acidentado por ele, como medida de um juiz.

O que é mais interessante no texto de Visitando ao Sr. Green é a capacidade de tratar de assuntos tão complexos, como a intolerância, sem perder a comicidade dos acontecimentos entre os dois personagens, apostando, dramaturgicamente, em quase numa comédia de situações. Mesmo assim, em poucos segundos, é possível ver a plateia limpando as lágrimas diante de uma fala tocante dos dois em cena. Fique atento, por exemplo, na inteligente relação entre intolerância religiosa e sexual feita pelo dramaturgo Jeff Baron.

Ver Sérgio Mamberti em cena vale cada centavo. Seu velho ranzinza é, impossível não ser, querido desde a primeira cena. É mérito do ator nos aproximar de seu personagem, muitas vezes cruel, mas antes de mais nada um, também, solitário.

Eu não conhecia o trabalho do ator Ricardo Gelli. Pura ignorância, porque foi vencedor, por exemplo, do R7 Melhores do Teatro 2014 (melhor ator) por Genet – O Poeta Ladrão, espetáculo que ensaiei várias vezes para ver e não fui. Ricardo é um bom contraponto para Mamberti, mas está mais para uma construção correta do personagem, do que para uma grande interpretação. Por outro lado, reconheço que o personagem é um pouco bidimensional demais, faltando um pouco de cores e nuances.

Vale uma citação ao diretor Cassio Scarpin que interpretou Ross na montagem - histórica! - com Paulo Autran. É uma direção segura e correta. Por isso, na medida. Fiquei na dúvida, já que não assisti a montagem anterior com a direção de Elias Andreatto, o quanto ele conseguiu criar um novo universo e uma direção própria nesta nova apresentação.

Recomendo o espetáculo. Vale a pena, sempre, ver uma boa montagem e texto. Diria, que assistir Visitando Sr. Green seja quase fundamental nestes dias, que incrível pareça, o mundo anda ficando cada vez mais careta e intolerante.

Serviço:
Teatro Jaraguá- Novotel Jaraguá 
Rua Martins Fontes, 71. Bela Vista
Informações: 3255.4380
 Bilheteria: terça a quinta das 16h às 19h,
sexta e sábado a partir das 16h, domingo a partir das 15h.
Aceita todos os cartões, débito e crédito.
Estacionamento no local: R$ 30.
Acesso a deficientes

Vendas: www.ingressorapido.com e 4003.1212
Sexta às 21h30 | Sábado às 21h | Domingo às 19h
 Ingressos: R$ 50
Duração: 90 minutos
Recomendação: 14 anos
Gênero: comédia dramática
Até 19 de Julho