CURTA NOSSA FAN PAGE

27 de abril de 2015

Grandes Olhos - a tentativa de Tim Burton não ser Tim Burton - Blog e-Urbanidade

Grandes Olhos
Grandes Olhos teria tudo para ser um ótimo filme. Dirigido pelo interessantíssimo Tim Burton (Alice no País das Maravilhas, A Fantástica Fábrica de Chocolate e Edward Mãos de Tesoura), estrelado por Amy Adams e Christoph Waltz, com uma história, no mínimo, curiosa, na verdade, patina, patina e não deixa de ser apenas uma biografia com cara de telefilme.

Nos anos 50 fizeram sucessos as imagens de crianças, um tanto depressivas, com grandes olhos, em situações diversas. Além, de obras de artes, a sua popularização com encartes ou diversos tipos de publicações enriqueceram os criadores. Sim, criadores porque as obras foram assinadas por Keane, marido de Margaret, a verdadeira autora que termina processando o esposo por isso.

Se você imagina que irá ver um daqueles típicos filmes de Burton, esqueça. Nada disso. A estética do diretor está totalmente fora desta montagem. E o que poderia ser interessante, acaba sendo um filme burocrático, sem grandes surpresas ou cenas.

Os atores estão bem, apesar de também previsíveis e criarem seus personagens em perfis já vistos por eles em outras películas. O roteiro de Grandes Olhos apresenta de forma sequencial, às vezes até didática, os fatos que envolveram os Keane`s.

Vale a pena assistir? Sim, para conhecer a história e por Burton, na sua busca de fugir do seu "padrão" estético. No mais, é um filme sem grandes atrativos.

22 de abril de 2015

Cake é um filme para encontrar uma razão para viver - Blog e-Urbanidade

Cake - filme com Jennifer Aniston
Cake – Uma razão para Viver com Jennifer Aniston é um filme instigante. Sabendo que a protagonista poderia ter sido, pelo menos, nomeada para o prêmio de Melhor Atriz ao Oscar 2015 (mais uma das injustiças da Academia!), eu estava bem curioso para assisti-lo.

O filme surpreende pela história, claro!, e pela interpretação inesperada de Jennifer Aniston. Ela vive uma mulher atormentada pelo luto de um filho pequeno perdido em um acidente que a leva a ter grandes dores. Para tentar sair deste lugar, começa a frequentar um grupo de ajuda e lá conhece Nina que se suicida dias depois, deixando Claire (Aniston) imediatamente fascinada pela coragem daquela mulher. E passa a seguir os passos do marido e filho, deixados por Nina.

Assim, o filme nos apresenta três histórias de dor: Claire, Roy (ex-marido de Nina) e da latina Silvana, empregada da protagonista. E diante da complexidade da história principal, é simplesmente surpreendente como os roteiristas conseguem, finalmente, salvar (ou mesmo, redimir) Claire, na última cena. Claro, que esse processo é construído com várias e ótimas cenas, iniciando com a entrada dela no quarto do filho, incluindo a cena do bolo, que dá o título ao filme.

Primeiro, Cake traz uma visão clara e pouco retratada dentro das artes na questão do suicídio. Muitos artistas, por meio de teatro, cinema e por aí vão, apresentam o suicídio de forma romântica e, muitas vezes, como um ato de coragem. Aqui é retratado o turbilhão de infelicidade em torno da família e dos que ficam após a morte de quem decide acabar com sua própria vida. Para dizer a verdade, esse é o primeiro trabalho artístico, que vejo, a propor essa visão.

Por outro lado, é preciso olhar com cuidado o tema da depressão. Ela assola o mundo moderno, mesmo a quem não tenha uma história tão trágica como Claire. Mas, nem sempre estamos realmente preparados para encará-la de frente, algo muito bem representado pelo grupo de ajuda, tendo como sua mediadora a personagem interpretada por Felicity Huffman. É preciso ter paciência, porém nem sempre é fácil e é necessário, em alguns momentos, agir com vigor, como visto na cena em que Silvana vê Claire estirada sobre os trilhos do trem.

Como falei há pouco tempo aqui, após assistir Livre, Cake também nos aponta que o inferno está mesmo dentro da gente. Somos nós que temos que ser capazes de seguir em frente e tentar nos salvar de nós mesmos, diante das catástrofes ou das pequenas infelicidades da vida.

A morte de um filho, sofrer dores infernais, perder um ente querido por meio de um suicídio, encontrar uma realidade bem diferente da sonhada em um outro país, etc e tal podem nos levar a um inferno pessoal. E tudo isso não se resolve de um dia para outro. São pequenas atitudes nem sempre fáceis que constroem uma nova perspectiva. É preciso ter a calma do dia a dia, talvez, em fazer um bolo, ou quem sabe, de apenas se endireitar numa poltrona do carro.

Assistam Cake - Uma Razão para Viver!

Minha opinião
:D

17 de abril de 2015

A Cem Passos de um Sonho - filme com Hellen Mirrem - Blog e-Urbanidade

A cem Passos de um Sonho
com Helen Mirren
Assisti A Cem Passos de um Sonho estrelado pela, sempre ótima!, Helen Mirren. O filme parece tentador, pois ainda conta com a produção de Steven Spielberg e Oprah Winfrey, distribuição da Disney. Então, uma boa pedida para quem gosta de gastronomia e busca um filme no estilo sessão da tarde (ou para uma noite quinta-feira, como no meu caso).

A película é um pouco esquemática no seu roteiro, mas vale a pena para acompanhar a história do indiano Hassan que vai com sua família para a França e lá, abre um restaurante em frente a reconhecida casa, dirigida por Madame Mallory (Mirrem), que tem uma estrela no guia Michelin.

A primeira parte de A Cem Passos de um Sonho enche um pouco o saco: franceses são blasès; indianos são animados, ouvem música alta e adoram um tempero. Depois, quando os esteriótipos são quebrados e os dois núcleos se misturam, a história emplaca.

Bom para quem gosta de gastronomia e também curte um pouco este mundo de vaidades. E legal para dias que estiver a fim de assistir um filme tranquilo, um pouco previsível, com bom elenco, boa produção, locações bonitas, fotografia afiada e direção correta.

Bom filme!


15 de abril de 2015

A Cabeça do Santo - Blog e-Urbanidade

Livro A Cabeça de Santo
O livro A Cabeça do Santo tem tudo, ou quase tudo, para ser uma destas leituras deliciosas. Escrito por Socorro Acioli, cearense, após participar de uma oficina literária com Garcia Marquez, a obra tenta, de alguma forma, encostar naquele mundo fantástico, iconizada pelo autor colombiano.

O livro conta a história de Samuel, que parte para a cidade de Candeia para cumprir o último pedido e promessa feita a mãe: encontrar a avó e seu pai. Chegando lá, a avó o rejeita e vai morar dentro da gigantesca cabeça de santo Antônio, onde começa a ouvir vozes e passa a realizar alguns "milagres".

Uma série de personagens são apresentados, porém apenas nas últimas páginas parecem mesmo fazer sentido o tema principal do livro: o reencontro. A redenção do personagem principal parece se tornar apenas um final feliz, meio perdido diante dos elementos e histórias construídas.

Para ser sincero, gostei bastante do início do livro. Me senti um pouco nos universos de Garcia Marques, Dias Gomes e, nas peripécias atrapalhadas de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto. Mas, reconheço que o livro deixa muito a desejar quando a autora precisa tomar partido, com coragem, para o realismo fantástico ou apenas para o realismo. Ela fica em cima do muro! E os personagens são mal construídos e um pouco chapados, sem outras dimensões.

Irritou-me, bastante, quando em certo momento sai o pai do rapaz dentro de um buraco, após anos ali. Decepciona, deixando o livro muito mais palatável no seu miolo do que na finalização do conflito.

Recomendo a leitura, sem muita expectativa, por ser uma escritora contemporânea brasileira, que foi beber da fonte de Rulfo e García Márquez, trazendo para sua obra a riqueza, mas não inédita, do universo nordestino e a religiosidade e sincretismo brasileiros.

A Cabeça do Santo
Socorro Acioli
Companhia das Letras

13 de abril de 2015

As Criadas com Grupo Tapa - Blog e-Urbanidade

Clara Carvalho e Denise Weinberg - velha guarda do
grupo Tapa e vivem as duas criadas
O controverso dramaturgo e escritor francês Jean Genet está em cartaz no teatro Aliança Francesa pelas mãos do consagrado grupo Tapa, marcando também a volta da companhia ao espaço no centro da cidade de São Paulo.

A montagem faz parte do projeto Genet em Dois Tempos que contará com dois espetáculos do dramaturgo. A próxima encenação será Explêndidos.

No palco a história de duas criadas e irmãs que vivem na pele a distinção entre classes (da dualidade de oprimido e opressor) e planejam a morte da patroa. Assim, são muitas as artimanhas psicológicas elaboradas por um jogo dramatúrgico, e verborrágico, impressionantemente montado.

As Criadas também marca o reencontro das atrizes Clara Carvalho e Denise Weinberg com o diretor Eduardo Tolentino dentro do grupo Tapa. Tolentino constrói uma montagem em que o palco é a casa de boneca, em que as duas criadas brincam com espelhos e encenações, enquanto experimentam roupas e situações vividas entre elas e a patroa.

Elenco ao lado do diretor Eduardo Tolentino
A cenografia é impecável, com um figurino muito bem assinado. O jogo de espelhos e a iluminação marcam os diferentes momentos das personagens, entre realidade e imaginação, permitindo que as criadas assumam diferentes papéis.

É difícil dizer quem está melhor na montagem, mas fiquei impressionado com a construção da personagem feita por Denise Weinberg. A sua verve cômica em algumas falas humanizam e ironizam a realidade e seu monólogo final, quase ao fim do espetáculo, a faz brilhar em definitivo. 

Obviamente, assim que as luzes apagam, há muito a se pensar sobre a montagem e o que é realidade e imaginação naquele jogo de poder criado tão minuciosamente por Genet e com uma visão inédita proposta pelo diretor e tão bem encenada pelas três atrizes.

Recomendo o espetáculo, que fica em cartaz até 26/04.

Minha Opinião
:)

Serviço: 
Teatro Aliança Francesa
 Rua General Jardim, 182 - Consolação
(11) 3017 5699
Quinta a sábado, 20h30; domingo, 19h.
Quinta e sexta: R$ 20,00 Sábado e domingo: R$ 30,00
A bilheteria abre duas horas antes. Metrô República.