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28 de julho de 2014

7 razões para não escrever romances - Ilustríssima - Blog e-Urbanidade

Javier Marias
O caderno Ilustríssima da Folha de São Paulo, dia 27/07/2014, trouxe o interessante ensaio Sete razões para não escrever romances e uma para escrevê-los do escritor espanhol Javier Marías de Os Enamoramentos - livro que já resenhei aqui.

As sete razões para não escrever um romance, Javier, enumera e tomo a liberdade de resumir assim;

1) Há muitos romances por ai e muita gente também escrevendo, dessa forma, as possibilidades, levando em conta os antigos e os que são escritos anualmente, a probabilidade de ser lido é cada vez mais próxima de zero. 

2) Escrever um romance não é um mérito, qualquer pessoa pode fazê-lo. Desde poetas, jornalistas a médicos e militares. 

3) Romances não dão dinheiro. Investir tempo neste tipo de atividade, esperando por rentabilidade, é um disparate. 

4) O romance não traz fama. O autor sugere buscar formas muitas mais simples de obtê-la, caso seja seu caso.

5) Aquela história de escrever é tornar-se imortal é balela, segundo Javier. Poucos são os autores imortalizados. Leitores e críticos esquecem seus romancistas e, pior ainda, as editoras. 

6) Escrever não adula a vaidade. As pessoas leem sozinhas, os elogios, quando existem, são vistos por poucos. O escritor não é um diretor de cinema que assiste a reação automática do seu expectador. 

7) O trabalho do escritor é solitário e duela, a todo tempo, com a sintaxe, o papel em branco e seus próprios personagens, que são partes ocultas de si mesmo. 

E agora, um simples motivo para escrever um romance: 

1) Escrever possibilita ao escritor viver instalado na ficção, no reino do pode ser e nunca foi. 

Não sei como o ensaio pode bater em atuais e futuros escritores, mas não deixa de ser uma boa análise. Os fortes podem pensar em continuar seu romance, apenas na busca de distanciar-se da sua própria realidade, como tantos autores já disseram por ai. Afinal, concluir Javier, escrever é um modo de inventar um futuro que o autor não verá. 

Quem quiser ler o ensaio na íntegra, clique aqui

23 de julho de 2014

O Grande Hotel Budapeste - o filme - Blog e-Urbanidade

Cena de O Grande Hotel Budapeste
Recomendo O Grande Hotel Budapeste por vários motivos, mas o primeiro, e óbvio, é a proposta estética do diretor Wes Anderson. A fotografia, as cores, cenários grandiosos e lembrando desenho animado, o filme é uma delícia de ver.

A história é simples: um escritor narra sua conversa com o dono do hotel e como se tornou proprietário de tudo aquilo. Assim, começa uma divertida narrativa envolvendo heranças, amores e situações inusitadas. O elenco é incrível, veja só: Adrien Brody, Willem Dafoe, Mathieu Amalric, Jude Law, Saoirse Ronan, Jason Schwartzman, Harvey Keitel, Jeff Goldblum, Tilda Swinton, Owen Wilson, Tom Wilkinson, Edward Norton e Léa Seydoux. Seria injusto destacar algum deles, porque todos defendem com maestria seus personagens, mas a atuação de Tony Revolori, o mensageiro Zero, vale cada centavo do ingresso.

Em minha opinião, O Grande Hotel Budapeste é um desenho animado feito por atores de carne e osso. Até porque muitas situações são resolvidas de forma caricata, como o roubo do quadro, a fuga da penitenciária e a cena final.

Não perca e tome um café antes de começar, pois o início é meio lento.

Bom filme.

21 de julho de 2014

Baianos de Todos os Santos - livro - Blog e-Urbanidade

Baianos de Todos os Santos
Gosto de fazer a leitura esporádica de novos autores, alguns deles nem aparecem nos jornais, pois não sei quantos sabem, até mesmo a imprensa especializada, que deveria estar aberta a todo tipo de literatura e escritores, muitas vezes está "encastelada" e pouco aberta às pequenas editoras. Sei disso porque quando lancei meu livro, percebi que até para pegarem seu livro e folhearem é preciso contar com lobby.

Muito bem, depois deste desabafo, estes livros chegam até mim por meio de releases ou convites para lê-los a partir do meu blog. E foi assim que cheguei ao autor iniciante Paulo Daltro e seu livro de contos Baianos de Todos os Santos. Seguem alguns bons motivos para conferir:

1) Os contos retratam a Bahia mística tão bem contada, por exemplo, em Jorge Amado. As histórias dão a sensação de um "revisitar" ao universo baiano do aclamado Jorge, misturando realidade, mitos e misticismo.

2) Paulo Daltro é um escritor de mão firme e corajosa, sem  pudores e medo. Fiquei um pouco incomodado com as soluções trágicas de algumas histórias, como o bombeiro que decide "apagar" quem o viu folheando revistas pornográficas dentro do seu banheiro, revelando sua orientação sexual; também a relação amorosa entre padrasto e filho adotivo; e por aí vai. Essa forma audaciosa do autor incomoda, mas é extremamente louvável. Mostra um autor de personalidade, sem medo de mergulhar no universo conturbado dos sentimentos humanos.

3) A sexualidade presente em vários contos, mesmo complexa em alguns personagens, é relativamente muito bem resolvida nos "heróis" de cada narrativa. Isso termina por nos revelar um escritor bem resolvido e, por isso mesmo, bom de se ler.

4) Gostei, especificamente, o último conto Milagre do Tempo. O autor aposta numa criativa e simples história tão contada, em várias versões, em personagens como Peter Pan, Dorian Gray e por aí vai. Sem dúvida, é onde mais o autor se distancia de si mesmo, do seu alterego, e se projeta em um universo novo.

O livro está disponível em versões digitais na Saraiva, Cultura, Iba, Kobo, Apple, Gato Sabido e Amazon. O EBOOK poderá ser lido através de qualquer dispositivo eletrônico, tais como computadores, tablets (iPad, Windows, Kindle, Sansumg Galaxy e entre outros) e smartphones.

Boa leitura.

2 de julho de 2014

5 motivos para assistir Os Homens são de Marte... e Minha Mãe é uma peça - Blog e-Urbanidade

Filme Os Homens são de Marte
... E é pra Lá que Eu Vou
Assisti a dois filmes brasileiros nos últimos meses Minha Mãe é uma Peça - com Paulo Gustavo - e Os Homens são de Marte... E é pra Lá que Eu Vou - Paulo Gustavo e Mônica Martelli . Então, separei aqui cinco motivos que podem valer a pena ir ao cinema ou assistir na tevê as duas produções que possuem muita coisa em comum.

1- Adaptações bem sucedidas do teatro
Paulo Gustavo e Mônica Martelli eram dois atores tentando destaque no cenário cultural do Rio de Janeiro, com muitos testes e muita porta na cara. Para quem mora ou já morou no Rio, tal perfil é mais do que comum por lá. Assim, lançaram peças de teatro quase autobiográficas. Ele com uma caricatura sobre sua mãe e ela tratando das suas relações amorosas mal sucedidas. Os dois espetáculos encheram os teatros do Rio de Janeiro e de São Paulo na década de 2000 e também fizeram sucesso em algumas cidades do Brasil. Assim, foram reconhecidos, chamaram a atenção da televisão e pagaram suas contas, conforme falaram várias vezes em suas entrevistas. Lembro-me de assistir a peça da Mônica no Rio de Janeiro e ter que esperar quinze dias por um lugar na sala.

As adaptações são felizes, sim. Conseguem trazer um pouco do universo dos personagens, mesmo não sendo cópias fieis a proposta dramatúrgica. Na minha opinião, Os Homens são de Marte consegue fazer uma adaptação mais leve. Já Minha Mãe é uma Peça chega a ser um pouco cansativo em certo momento. O tom acima de Paulo Gustavo com sua mãe dói os ouvidos, em certo momento.

2- Elenco eficiente 
Minha Mãe é uma Peça - O Filme
As duas produções possuem participações afetivas muito queridas, como Herson Capri, Lulu Santos, Eduardo Moscovis, Irene Ravache,  Ingrid Guimarães, Luana Piovanni e uma boa surpresa da tevê nos últimos tempos: o ator Rodrigo Pandolfo. O rapaz tem feito bons personagens e com uma capacidade surpreendente de se reinventar em cada personagem. Fiquemos de olho no rapaz!

3- Boa produção
Muita gente comenta que estas comédias com cara de televisão é um empobrecimento do cinema nacional. Bobabem! Patrulha tola. Lembrando: nos anos 70, no Brasil fez muito sucesso as produções da Atlântida (Mazzaropi, Dercy Gonçalves etc e tal) , anos 80, Pornochanchada e, 90 e 2000, Os Trapalhões. Agora, o cinema americano e europeu sempre cultua seus artistas e seu cinema mais popular. Não sei o motivo de no Brasil querermos desmerecer tais produções? Se não gosta, não vá. Tem espaço para todo mundo, o importante é levar as pessoas ao cinema e criar platéia.

4- Paulo Gustavo está nas duas produções
Tem gente que detesta o rapaz. Confesso que não gosto de tudo que ele faz, pois é sempre Paulo Gustavo. Já disse acima que ele está bem acima do tom no filme adaptado da sua peça. Acredito que o tom funciona muito bem para o teatro, mas na projeção os gritos incomodam. O mesmo Paulo está em Os Homens são de Marte sendo Paulo Gustavo, mas é o que dá uma certa animada no filme e é dele os melhores momentos. Infelizmente a ótima Daniele Valente fica perdida nas bobagens femininas, servindo apenas como escada para Martelli.

5- Espere rir
Engraçado como tem gente que detesta um filme mais cult e torce o nariz para filmes mais leves como esses. Diria até que o brasileiro tem preconceito em assistir tais produções e abarrota os besteirois americanos como Se Beber não Case e por aí vai. É para assistir despretensiosamente e pronto! Indico.

Bom filme!