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22 de abril de 2013

A Primeira Vista - Blog e-Urbanidade

A Primeira Vista
Viky García/Divulgação
Assisti dois espetáculos recentemente aqui em São Paulo que vale o comentário, até porque as temporadas são curtas e envolvem atores conhecidos do grande público, tais como Drica Moraes, Caco Ciocler e Marjorie Estiano.

Primeiro, recomendo o A Primeira Vista, texto do canadense Daniel MacIvor que já fez bastante sucesso por aqui com o espetáculo In on It. Agora, é apresentada a relação de duas mulheres com seus encontros e desencontros, tudo com muita sensibilidade.

A montagem se parece um pouco com In on It (veja meu comentário aqui) até porque conta com a direção de Enrique Diaz, um dos atores do espetáculo de 2009. Por isso, a mão do ator-diretor é certeira e traduz bem a sensibilidade do texto.

As atrizes estão muito bem, mas não posso deixar de dizer que Drica Moraes dá um toque todo especial ao espetáculo com sua excelente capacidade de fazer comédia com falas simples e que poderiam sair dramática demais. Gostei também da cenografia – que é bem simples, mas certeira -, iluminação e sonoplastia.

Com duração de 1 hora e pouco, A Primeira Vista é um espetáculo simples e sensível. Bom de ser visto, agradável e que mexe com o expectador. Mas, não vá esperando grandes peripécias, mas sim duas pessoas tentando explicar um amor e tentando se relacionar da melhor forma possível. Aliás, certeira uma das frases finais de uma das personagens que diz mais ou menos assim: aprenda a não dar nome para as coisas, dizer fulano é casado, separado ou coisa do gênero, afinal isso que estraga tudo.

Durante a semana comento sobre O Desaparecimento do Elefante com Caco Ciocler, Marjorie Estiano e Maria Luiza Mendonça.

Serviço:
Sesc Pompeia
Teatro R. Clélia, 93 - Água Branca - Oeste.
Telefone: 3871-7700.
Aceita os cartões Amex, Diners, MasterCard, Visa.
Ingresso: R$ 6 a R$ 24.
Não aceita cheques.
Tem ar-condicionado.
Não vende ingresso pelo telefone.
Tem acesso para deficiente.
Proibido fumar.
Tem local para comer.
356 lugares.
Quando: sexta e sábado: 21h. domingo: 18h. 
Até 26/5.

7 de abril de 2013

A Elegância do Ouriço - Blog e-Urbanidade

A Elegância do Ouriço
Não fiquei lá tão empolgado quando vi o título A Elegância do Ouriço, mas a veemência que me foi dito que se tratava de um livro muito elogiado, fez com que imediatamente aceitasse o presente. 

Comecei a ler A Elegância do Ouriço da escritora marroquina Muriel Barbery sem empolgação, até a segunda página. Em poucos minutos estava totalmente envolvido com a história da zeladora e da garota suicida, ambas moradoras de um prédio luxuoso em Paris.

Inicialmente parece meio inusitado basear toda a narrativa a partir de uma zeladora e uma garotinha de 12 anos que discutem tantos temas de filosofia com tanta facilidade, indo de questões sobre a vida até citações de Tolstoi e discussões sobre a fenomenologia. Mas, em determinado momento tudo faz sentido, pois se trata de uma das principais provocações – ou teoria - da escritora: é na alteração interna do status quo que mudamos o nosso destino. Eis elegância do ouriço:

 ... por fora é crivada de espinhos, uma verdadeira fortaleza, mas tenho a intuição de que dentro é tão simplesmente requintada quanto os ouriços, que são uns bichinhos falsamente indolentes, ferozmente solitários e terrivelmente elegantes (pag. 152)

Muriel Barbery formou-se na Escola Superior em Paris e lecionou filosofia durante muitos anos, por isso tantas citações e discussões interessantes sobre a vida, a arte, o amor e a coisas simples da vida. Emocionou-me, por exemplo, a história do rapaz que buscou forças enquanto estava internado numa clínica de reabilitação lembrando-se das camélias do jardim da personagem principal. Assim sendo, nos fazemos fortes (ou fracos) a partir de acontecimentos e coisas simples e é isso que nos torna únicos na felicidade e na tristeza.

A escritora é a voz, em primeira pessoa, da zeladora Renné por meio de capítulos curtos e certeiros. Mesclados a isso, entram as páginas do diário da garota que se prepara para morrer, chamado de Diário do movimento do mundo. Assim, vamos olhando a história de duas personagens tão distintas de forma singular e, ao mesmo tempo, semelhante.

Em certo momento, muda-se para o prédio um senhor de origem oriental que se propõe a mudar toda a dinâmica do lugar, fazendo com que as duas personagens principais se aproximem, dando lugar a rara e sensível mudança na vida de todos.

Reconheço que não gostei muito da forma dada ao fim da história, porém sei que sou romântico demais, mas ainda penso que tais finais representam uma incapacidade do autor a dar conta da história. Como Muriel mostrou uma história fantástica, prefiro pensar que seja puro preconceito da minha parte, ou seja, eu preciso mudar o meu próprio jeito de ver o mundo ou o destino das coisas.

... talvez seja isso a vida: muito desespero, mas também alguns momentos de beleza em que o tempo não é mais o mesmo. (pag. 350)

A cobiça humana! Somos incapazes de parar de desejar, e mesmo isso nos magnifica e nos mata. O desejo! Ele nos transforma e nos crucifica... (pag. 218)

Leiam!

A Elegância do Ouriço
Páginas: 352
Companhia das Letras.